Mais nove operários da construção de civil morreram trabalhando. Desta vezas mortes se deram no canteiro de obras do edifício Empresarial Paulo VI, em Salvador. O acidente ocorreu no dia 9 de agosto, quando um elevador despencou do 20º andar da obra, na Avenida ACM, na capital baiana.
Os corpos de Antônio Reis do Carmo, Antônio Elias da Silva, Antônio Luiz Alves dos Reis, Hélio Sampaio, José Roque dos Santos, Jairo de Almeida Correia, Lourival Ferreira, Martinho Fernandes dos Santos e Manuel Bispo Pereira foram encaminhados à perícia da Polícia Técnica. A altura da queda corresponde a cerca de 70 metros, distribuídos ao longo da estrutura, que conta ainda com oito pavimentos de estacionamento.
“Eu já estava lá em cima, junto com mais de dez pessoas. Vi os cabos desenrolando, o pessoal dizia que ele tinha defeito”, conta Damião, operário da obra. Funcionários do canteiro de obras e representantes de sindicatos acreditam que o acidente foi ocasionado por defeito elétrico no elevador. A construtora Segura, responsável pela obra, alegou que “o equipamento estava funcionando dentro dos parâmetros de segurança e em perfeito estado de conservação”. Mas o fato é que, se estivesse em perfeito estado, os nove trabalhadores hoje ainda estariam vivos.
Para a maioria dos operários, o acidente foi decorrente de falta de manutenção. O dispositivo que tem a função de parar o elevador, quando acionado, não o parou; bateu na torre e explodiu. Isso demonstra muita negligência.
Foi um dos piores acidentes ocorridos nos últimos anos na construção civil baiana. O acidente que matou nove operários fez que o setor da construção civil já registrasse um aumento do número de mortes por acidente de trabalho, este ano, na Bahia, com relação ao ano anterior. De janeiro a agosto, foram 70 acidentes, com 15 mortes, ante 108 acidentes, com seis mortes, verificados em 2010.
Em Salvador, em maio, mais dois operários morreram e um teve a perna decepada por vigas metálicas que despencaram de um guindaste na obra de um conjunto residencial. Um trabalhador também morreu em janeiro deste ano quando despencou durante a reforma de pastilhas de um edifício residencial.
Para evitar tantas mortes e acidentes, seria necessário que as empreiteiras investissem mais em segurança; mas, preocupadas em aumentar seus lucros, elas economizam em tudo.
Restam a luta e a organização dos trabalhadores para colocar fim a essa exploração.
Claudiane Lopes, Salvador