A quarta edição da Marcha das Margaridas reuniu em Brasília, nos dias 16 e 17 de agosto, cerca de 70 mil mulheres do campo e das florestas de todo o Brasil. A marcha, que é hoje uma das maiores mobilizações das mulheres agrárias na América Latina, conjugou as propostas e reivindicações dessas trabalhadoras rurais às ações das trabalhadoras das cidades. As Margaridas, que demoraram em média dois dias de viagem para chegar à capital do país, traziam em suas malas 2.011 Razões para Marchar.
As trabalhadoras foram em busca de resposta às reivindicações apresentadas ao Governo Federal para melhorar a qualidade de vida e trabalho das mulheres do campo, com foco na saúde e no enfrentamento da violência.
Antes de realizarem, no dia 17, a marcha que seguiu do Parque da Cidade até a Esplanada dos Ministérios, as Margaridas participam de oficinas e palestras em que puderam trocar experiências e, principalmente, dividir histórias da dura realidade das trabalhadoras do meio rural.
No encerramento das atividades, a presidente Dilma Rousseff, acompanhada de diversas ministras e ministros, foi à Cidade das Margaridas para entregar às marchantes o caderno de respostas às suas reivindicações. Dilma aproveitou o momento de solenidade para anunciar a criação de um grupo de trabalho interministerial que debaterá as demandas das mulheres do campo.
A secretária de Mulheres da Contag, Carmen Foro, que recebeu o caderno das mãos da presidente, falou da necessidade urgente de reforma agrária e de implementação de políticas de enfrentamento à violência contra a mulher, tendo em vista que a luta pela terra e pelos recursos naturais motivam a violência contra a trabalhadora rural, principalmente na região amazônica. Carmen completou dizendo que aquelas trabalhadoras, e outras milhares que ali não puderam estar presentes, querem, sim, discutir a situação da vida no campo, mas, para além, querem fazer parte das decisões que definirão os rumos do país.
Ana Rosa Carrara, São Paulo