Mais uma importante categoria da classe trabalhadora entrou em greve em setembro: os trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Dos 35 sindicatos que representam os mais de 100 mil trabalhadores da empresa, 34 aderiram ao movimento grevista que se iniciou no dia 13 setembro. Os trabalhadores reivindicam melhores salários, o fim da terceirização, a abertura de concurso público e o fim do assédio moral no local de trabalho, além da revogação da Medida Provisória n° 532, que institui uma assembléia-geral e um conselho de administração com poderes de mudar o estatuto da empresa e autorizar subsidiárias em forma de sociedade anônima, ou seja, uma forma de abrir o capital da empresa e iniciar sua privatização.
O governo ofereceu 6,87% de reajuste mais 50 reais, a partir de 2012; essa proposta não repõe sequer as perdas salariais do período e menos ainda garante qualquer aumento real, parecendo provocação aos trabalhadores.
A revolta dos trabalhadores, além dos baixos salários, diz respeito à luta contra a Medida Provisória n° 532/2011, aprovada na Câmara dos Deputados e no Senado, que abre a Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) para a iniciativa privada. Esse fato uniu mais ainda a categoria, que começa a ter a adesão de atendentes de várias agências espalhadas pelo país.
Segundo Elias Cesário de Brito Júnior, presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Similares de São Paulo (Sintect-SP), o lucro de R$ 500 milhões da estatal no primeiro semestre de 2011, que registra crescimento ante os demais anos, dá todas as condições para que haja uma proposta melhor do que a apresentada. “Todo esse lucro só foi possível com a superexploração dos trabalhadores”.
Enquanto os lucros dos Correios aumentam, os trabalhadores recebem menos e trabalham mais. Segundo relato dos próprios trabalhadores, eles são obrigados a fazer o trabalho de uma ou duas pessoas mais. “Enquanto a empresa lucra milhões e milhões, nós trabalhadores ficamos só com as migalhas”, afirma Júnior.
“Também exigimos um correio público, 100% estatal e eficiente, além de contratações já, porque a sobrecarga está forte, está faltando muita gente nos Correios”, diz Evandro Leonir, representante do comando nacional de negociação da Federações Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (Fentect).
Emanuel de Sousa, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios da Paraíba, declarou que os grandes meios de comunicação, como a Rede Globo, SBT, Rede Record e os grandes jornais de circulação nacional, mesmo que não deem visibilidade à greve, não estão conseguindo abafar a paralisação devido à grande mobilização da categoria. “A população está vendo que o descaso é culpa do governo federal e não dos trabalhadores. Dessa vez a nossa luta é bem maior; ela diz respeito também à defesa dos Correios, que estão sendo ameaçados de ser privatizados, e isso nós não vamos deixar”,
No dia 22 de setembro os sindicatos fizeram uma contraproposta, reduzindo a reivindicação inicial do aumento de salário real de R$ 400 para R$ 200. O restante da pauta continuou inalterada: reajuste de 7,16% (reposição inflacionária pelo ICV-Dieese), reposição de 24,76% referente a perdas acumuladas entre 1994 e 2010, piso salarial de R$ 1.635 (atualmente de R$ 807), e vale-alimentação de R$ 28; porém a empresa se mantém intransigente.
O Movimento Luta de Classes (MLC) tem participado das assembleias da categoria, que estão sempre lotadas, mostrando que os trabalhadores estão dispostos a manter a greve por tempo indeterminado.
Vamos em frente na luta
Fazer greve é um ato de coragem
De bravura e determinação
Tudo isso e mais a nossa união
Vão rompendo com o poder do patrão
Jamais iremos aceitar
O que o governo quer impor.
Por isso, a luta é legítima
Nos escute, seu doutor,
Somos pessoas conscientes
Formamos opinião
Na luta do dia a dia
Fazendo educação.
A burguesia esquece
Que passou por mãos dos professores
E nos seus gabinetes aconchegantes
Planejam retirar nossas conquistas
E os nossos valores.
Karl Marx nos deixou claro
Na sua filosofia:
Trabalhador deve unir-se
Nas lutas do dia a dia.
Professora Ilza – Itapipoca, Ceará