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quarta-feira, 6 de novembro de 2024

A crise na Itália e a reorganização dos trabalhadores

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O governo de Berlusconi faliu. Continuemos unidos na luta contra a ofensiva capitalista para defender nossos interesses políticos e econômicos!

A quebra do governo Berlusconi ocorreu em meio ao tumulto na economia italiana. Ele perdeu a maioria que possuía principalmente por dois fatores:

a) Pelas manobras da oligarquia financeira internacional e do grupo dirigente da Itália, os quais precisavam evitar ser atingidos pela crise da dívida adotando medidas antipopulares mais rápida e profundamente; assim eles tiveram que remover Berlusconi, que agora era considerado não-confiável e muito fraco.

b) A capacidade de resistência da classe trabalhadora e das massas populares, em lutas desenvolvidas nos últimos dois anos, evitaram a consolidação do regime reacionário, rachou o bloco social em volta de Berlusconi e fez com que o consenso da maioria do governo fosse reduzido ao mínimo.

O movimento dos trabalhadores e suas lutas deram uma importante contribuição à queda de Berlusconi, mas que não foram decisivas, confirmando o famoso slogan de Marx: “Ou o proletariado é revolucionário ou não.”

Isso é devido à sua fraqueza e às suas limitações políticas, ideológicas e organizacionais, assim como também à grande responsabilidade dos reformistas que, preocupados com as conseqüências, se utilizaram de todos os meios para impedir o golpe decisivo da classe trabalhadora. O último presente dado a Berlusconi foi ter limpado o caminho para o pacote de medidas econômicas urgentes, outro capítulo do saque dos cofres públicos.

O fim do governo de Berlusconi é um importante passo político, ao qual damos as boas-vindas com satisfação, mas não é o fim do Berlusconismo, isso é, da predominância de políticas neoliberais.

Não devemos ter ilusões, e menos ainda parar as mobilizações, pois o quadro que temos diante de nossos olhos é preocupante.

Primeiro, devemos observar que, enquanto o país está sob o comissariado do EU-ECB-IMF, o governo e o parlamento estão sob comissariados do “Rei George” Napolitano que, se fazendo intérprete da ditadura da oligarquia financeira, impôs o momento e os meios para a solução da crise governamental e da discussão parlamentar para aprovar as medidas econômicas.

Apesar da situação de emergência, ela preanuncia a passagem para uma república presidencial, um sintoma de involução autoritária do sistema burguês.

Com a esperada indicação de Monti, a Itália está se aproximando da formação de um governo de quase todos os partidos burgueses da direita e da “esquerda”, que formarão um único partido do capital quando se fizer necessário salvar a classe dominante do perigo mortal ou defender seus interesses fundamentais.

O governo de “emergência” que está sendo formado sob pressão dos “mercados financeiros” será tão antipopular, senão mais, do que o de Berlusconi. Ele nasce sob o signo da clara hegemonia da burguesia imperialista.

pedigree do neoliberal Monti está claro: por anos ele foi Comissário da ONU (indicado por Berlusconi e D’Alema), Presidente Europeu da Comissão Trilateral, membro do Grupo Bilderberg e consultor do Banco de Investimento Goldman Sachs, centros do poder imperialista.

O novo Senador Vitalício é um representante da oligarquia financeira, responsável pela crise e ao mesmo tempo beneficiário dela. Ao contrário de Berlusconi, ele apóia a estratégia global, abrangente e de longo prazo dos interesses do capital financeiro.

Seu programa é a carta de Trichet e Draghi, o aumento da competitividade a todo custo (isso é, o aumento da exploração dos trabalhadores), o ataque aos direitos e interesses das massas trabalhadoras, o aumento da idade para aposentadoria, cortes às pensões, privatizações e demissões.

A liquidação gradual de liberdades democráticas, assim como a redução da soberania nacional e a colonização econômica continuarão. Tudo isso em nome do “governo de globalização e da crise”, e por trás do discurso da “economia de mercado social”.

Internacionalmente, os executivos em preparação continuarão a aceitar a liderança do imperialismo dos EUA, a gerenciar sua relação com outras potências européias, perpetuando assim o papel da Itália de trampolim e país vassalo para a agressão da zona da crise que vai do norte da África ao Golfo Pérsico e o Afeganistão.

O governo que a burguesia imperialista quer impor terá o apoio dos reformistas, dos partidos centristas ligados ao Vaticano e da maioria dos reacionários do PdL (a queda do seu “cavaleiro” acelera sua discordâncias internas). Mas não terá apoio entre as massas trabalhadoras, e este será seu ponto fraco.

Nesta situação, os líderes reformistas e social-democratas se confirmam em seu papel de adereços do capitalismo, os quais durante a crise estão se movendo cada vez mais para a direita. Eles escondem das massas o caráter de classe do governo chamando-lhe de “governo técnico”. O papel da regulação e do controle das lutas que o PD e os grandes da CGIL desempenharão (eles falam em favor do governo de emergência de Monti) será crucial. Entretanto, isso abrirá as maiores contradições em suas fileiras e também na central sindical (CGIL).

A troca de cavalos não resolverá a crise, a qual é do capitalismo mundial e de toda sua classe dominante. Nenhum dos problemas econômicos, políticos, sociais, ambientais ou culturais que afetam as massas trabalhadoras e a juventude serão resolvidos. Pelo contrário, as condições de vida e de trabalho da maioria da sociedade se tornarão piores.

Por trás do declínio do capitalismo italiano, por trás dos problemas estruturais, que vem de longe e afetam as massas trabalhadoras, há todo o esforço da burguesia para defender seus privilégios e sua ineptidão rumo à sua própria ruína.

Nesta situação reafirmamos a necessidade de uma política de um fronte proletário unido. Precisamos de unidade, mas não unidade com colaboradores e oportunistas. A única política válida para colocar em ordem e preparar a contra-ofensiva é promover a união e reorganização das forças da classe em um único fronte anticapitalista, o qual expresse um programa de defesa dos interesses dos explorados e apóie suas organizações, como os Comitês do Povo e dos Trabalhadores.

Sobre esta base será construída uma ampla frente popular, a fim de unir em torno do proletariado as classes sociais e os estratos oprimidos pela oligarquia financeira.

Precisamos desenvolver e avançar uma política de um fronte unido contra o neoliberalismo e o social-liberalismo, para não termos que pagar pela dívida e pela crise, contra os gastos militares e as políticas de guerra, pela retirada dos EUA e da OTAN.

A construção deste fronte é primariamente um processo de unidade política da classe trabalhadora e das massas populares, forjado na luta contra a política reacionária da burguesia, para colocar a crise de volta sobre as cabeças dos capitalistas, dos ricos, dos parasitas.

A luta por unidade política deve ser conduzida em reuniões, em discussões com diferentes forças da esquerda e do sindicalismo classista, mas especialmente em lutas conjuntas contra qualquer governo burguês, sobre a base das necessidades políticas que compartilhamos.

Isso confirma a necessidade vital de trabalhar por uma política alternativa de ruptura revolucionária com esta política burguesa e o sistema que a produz.

O governo pelo qual precisamos combater é um governo dos trabalhadores e de todas as outras massas trabalhadoras exploradas. Um governo que exproprie os monopólios capitalistas, que tome o dinheiro dos parasitas, socialize os meios de produção e de troca, auxilie o controle e a fiscalização pela classe trabalhadora, que destrua a opressiva máquina burguesa e dê aos trabalhadores os direitos e as liberdades que lhes são devidas. Um governo que sirva à luta do proletariado para destruir a burguesia, para lhe infligir a derrota final.

Os interesses da classe trabalhadora são de uma saída revolucionária da crise. Apenas com o socialismo a Itália renascerá, será um país livre e próspero, respeitado e admirado e dará sua contribuição à reconstrução econômica e social do mundo.

Mas sem o Partido Comunista não se pode transformar os trabalhadores e todos os outros explorados em revolucionários; sem ele não se pode dirigir a luta rumo a uma nova sociedade.

Olhar para o futuro significa, portanto, focar nossa atenção na função do Partido Comunista, ferramenta indispensável para guiar o processo de emancipação e libertação das massas exploradas e oprimidas.

A reconstrução de uma organização política de vanguarda da classe trabalhadora exige um comprometimento ativo e direto hoje de todos os sinceros comunistas e dos melhores elementos do proletariado.

Vamos trabalhar juntos para avançar neste processo, rompendo de uma vez por todas com o oportunismo e nos unindo sobre as bases dos princípios Marxistas-Leninistas e do internacionalismo proletário!

11 de novembro de 2011

Plataforma Comunista, Itália

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