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segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Estudantes lutam contra repressão na USP

Manifestação contra a repressão na USP

Nas últimas semanas a Universidade de São Paulo foi notícia nos diversos meios de comunicação devido à ação da Polícia Militar de São Paulo,que prendeu três estudantes que estavam com cigarros de maconha. Em resposta à ação da PM, centenas de estudantes ocuparam a administração da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e, depois, o prédio da Reitoria da universidade. A ação de reintegração de posse exigida pela reitoria ocorreu no dia 8 de novembro e se assemelhou a uma operação de guerra. Mais de 400 homens da tropa de choque da polícia, além de grupamentos do GOE, Gate, cavalaria e helicópteros ingressaram de madrugada na universidade. Esta ação, marcada por bastante truculência, terminou com a prisão de 73 estudantes. Na ação, a tropa de choque, além de jogar bombas de gás lacrimogêneo, cercou  o Crusp, a moradia universitária da USP, impedindo que os estudantes que lá moram saíssem para trabalhar ou estudar.

A grande mídia tem insistido em que os estudantes da USP se mobilizam pelo direito de usar drogas livremente, mas essa visão esconde os reais problemas existentes hoje na universidade. Na verdade, embora a USP seja considerada a melhor universidade da América Latina, com excelência no ensino e pesquisa, existe algo que os rankings não revelam. A USP tem se tornado uma universidade cada vez mais elitizada, antidemocrática e distante da sociedade. O que acontece hoje na USP é perseguição e repressão aos que se levantam contra este projeto de universidade. Os estudantes hoje se mobilizam pelo fim do convênio entre a USP e a Polícia Militar e por um plano de segurança que respeite os direitos humanos e a sua liberdade de organização e de manifestação. Exigem também a saída do reitor da USP, João Grandino Rodas, elemento que participou de julgamentos que inocentaram militares torturadores, investigado pela justiça por irregularidades em sua gestão, e que apesar de ter sido menos votado se tornou reitor por escolha pessoal do então governador José Serra.

Para exigir o atendimento dessas reivindicações, mais de três mil estudantes reunidos em assembleia decidiram decretar greve geral. Desde então, cresce a adesão às mobilizações com diversas unidades, como a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, a Escola de Comunicação e Artes, a Faculdade de Arquitetura, o Instituto de Biologia e o Instituto de Física paralisando suas atividades. No dia 10 de novembro, cinco mil universitários foram às ruas em São Paulo e, no último dia 24 de novembro, mais de três mil retornaram para lá a fim de dar uma “aula de democracia” ao governador Geraldo Alckmin, que tem atacado constantemente o movimento estudantil. Os estudantes da USP continuam lutando contra a política elitista que o governo do PSDB tenta implementar na universidade e pela construção de uma universidade pública, democrática, popular.

Rivaldo Xavier Junior, presidente do Centro Acadêmico de Física da USP e militante da UJR

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