Violinista e maestro, Geraldo Menucci é uma importante personalidade artística nacional. Nascido no Rio de Janeiro (3/6/1929), em 1951 foi morar no Recife, onde vive até hoje. É amigo do artista plástico Abelardo da Hora, com quem trabalhou na Casa das Artes e no Movimento de Cultura Popular (MCP), na década de 1960.
Fundador do Coral Bach (1952), Menucci recebeu a honra de ter a ação reconhecida por Heitor Villa-Lobos, pioneiro do canto coral no Brasil: “Considero um verdadeiro milagre”. Emocionou o mundo quando da participação do coral no 6º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes, em 1957, em Moscou. Acabou por estender as apresentações do coral a vários outros países, como a Polônia, a Bulgária e a então Tchecoslováquia. Na volta, foi preso por ter visitado países socialistas.
Defensor da cultura popular, foi responsável por diversas ações no sentido de fortalecer a cultura e o gosto do povo pela música erudita. Organizou a Serenata Fluvial, no Rio Capibaribe, no Recife, aproveitando os músicos do MCP; para isso utilizou dez canoas com seis cantores em cada. Ainda pelo MCP, baseado em Paulo Freire, forjou centros de alfabetização populares. “Que sentido tem a letra ‘c’, de castelo, para um favelado? É melhor você botar um ‘b’, de barraco. (…) Dá uma conjuntura, há semântica, do que ele vive”, conta Menucci.
Musicou o Hino do Camponês, de autoria do então deputado Francisco Julião, importante personalidade das Ligas Camponesas. Por essas e outras proximidades e trabalhos com personalidades populares e comunistas, foi perseguido e expulso da Prefeitura do Recife quando do golpe de 1964. Ainda perseguido, foge para o Rio de Janeiro com a ajuda de Dom Helder. Lá é preso e torna-se amigo do – também preso político – ator Mário Lago. Quando solto, funda dezena de corais pelo Brasil.
Menucci é anistiado pela Lei de Anistia, de 1980, e ainda hoje trabalha como maestro e luta para estruturar e fortalecer a Orquestra Sinfônica de Olinda, Pernambuco.
Eduardo Augusto e João Henrique