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sexta-feira, 29 de março de 2024

Países imperialistas impõem novas sanções ao Irã

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O governo dos Estados Unidos impôs novas sanções comerciais ao Irã com o objetivo de impedir que pessoas e empresas estrangeiras negociem com a indústria petroquímica do país ameaçando-as de banimento dos mercados norte-americanos.

De acordo com o governo estadunidense, as medidas anunciadas pretendem enfraquecer o setor nuclear iraniano, fazendo o país retroceder na decisão de possuir o domínio da tecnologia e a consequente soberania nuclear.

Além dos EUA, Reino Unido e Canadá também adotaram medidas punitivas, e a União Europeia anunciou que deve se reunir em meados de dezembro para impor outras punições. De antemão, o Reino Unido rompeu todas as ligações com os bancos iranianos e a França propôs que diversos países congelem os ativos das instituições financeiras do Irã e interrompam a compra de petróleo do país para convencê-lo a desistir de seu programa nuclear militar.

Apesar das inúmeras “provas” apresentadas pelos países e agências imperialistas de que o programa nuclear iraniano tem objetivos militares, não há nenhuma evidência concreta disso. Ao contrário, de acordo com o governo do Irã o único fim de seu programa nuclear é a produção de energia para o país, o que é perfeitamente legítimo.

O anúncio das sanções aconteceu alguns dias depois da reunião da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) que adotou uma resolução contra o Irã por suspeitas de estar desenvolvendo armas nucleares. O documento “expressa uma profunda e crescente preocupação no que diz respeito aos temas não resolvidos do programa nuclear iraniano, incluindo aqueles que precisam ser esclarecidos para excluir a existência de uma possível dimensão militar” e pede que o Irã permita que uma equipe da ONU visite as instalações nucleares do país.

Os governos dos Estados Unidos e de outros países imperialistas voltaram a acusar o governo iraniano de tentar enganar o mundo sobre suas intenções e disseram que não poderiam mais ignorar as evidências de que o país desenvolve armamentos nucleares. Omitem, entretanto, que não é o Irã, mas sim os países imperialistas, os detentores dos maiores arsenais nucleares do mundo. De fato, somente os Estados Unidos possuem 5.113 bombas atômicas, e Israel, outro país dono de um amplo conjunto de armas nucleares, há anos se recusa a informar exatamente quantas armas deste tipo possui.

Em tom de ameaça, o presidente Barack Obama afirmou que “disse claramente que os Estados Unidos estavam prontos para iniciar um novo capítulo com a República Islâmica do Irã, oferecendo ao governo iraniano uma oportunidade clara: eles poderiam cumprir com suas obrigações internacionais (…) ou ignorá-las, mas o Irã escolheu o caminho do isolamento internacional”.

     Em resposta, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou que “não retrocederá nem um pingo” em seu programa nuclear e disse serem “absurdas” as acusações contidas no relatório da Agência. “Votam resoluções, impõem sanções, utilizam todas as ferramentas contra nós e querem que negociemos. Sempre dissemos que estamos dispostos a negociar e a cooperar. As negociações valem mais que a confrontação, mas parece que não têm a menor ideia e retornam sempre para a confrontação”, disse Ahmadinejad.

Já para o ministro das Relações Exteriores, Ramin Mehmanparast, “estas ações seguem no sentido da hostilidade destes países contra nosso povo. São condenáveis e sem efeito. A ação de certos países ocidentais contra nosso povo, em particular as dos Estados Unidos e Reino Unido, não têm efeito. Todos sabem que o nível de nosso comércio com Reino Unido e Estados Unidos está em um nível baixo. Durante os últimos anos, decidimos reduzir nosso comércio com estes dois países e aumentar com os demais”, disse.

Outras sanções também vêm da Assembleia Geral da ONU, que aprovou no dia 21 de novembro uma nova resolução que condena as violações dos direitos humanos no Irã com 86 votos a favor, 32 contra e 59 abstenções, entre elas a do Brasil. A Assembleia Geral também aprovou uma condenação da situação dos direitos humanos na Coreia do Norte e em Mianmar, mas nada disse sobre violações dos direitos humanos praticadas pelas tropas da OTAN na Líbia ou por Israel na Palestina.

Para o embaixador iraniano na ONU, Mohammad Javad Larijani, “o conteúdo dessa resolução é absolutamente infundado e uma fabricação vergonhosa. O documento é um ataque à consciência da comunidade internacional, e um insulto imperdoável à ONU como instituição”. Larijani também atacou o Canadá, os EUA e a Europa por cometerem “graves violações contra direitos humanos”, como “discriminação contra imigrantes, estrangeiros e muçulmanos”.

De fato, é no mínimo estranho a ONU calar sobre violações dos direitos humanos e crimes cometidos impunemente pelos países imperialistas. O tratamento dados a tais casos é completamente distinto.

Exemplo disso aconteceu no final de novembro. Depois de a Unesco aceitar a Palestina como membro no mês passado, Israel reteve os pagamentos do Imposto sobre Valor Agregado e receitas alfandegárias arrecadadas em nome da Autoridade Palestina estimados em mais de 100 milhões de dólares. Achando pouco, Israel também aprovou a construção de novos assentamentos nos territórios palestinos.

O que fez, então, a ONU? Sanções, punições, expedições militares contra Israel? Nada disso. O máximo feito foi um telefonema do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, pedindo que ele devolvesse ao governo da Palestina o dinheiro referente a pagamentos de impostos retidos por Israel e que interrompesse os assentamentos israelenses nos territórios palestinos ocupados. Ou seja, Israel se apropria indebitamente de dinheiro palestino e ocupa territórios que não são seus e nenhuma sanção ou medida punitiva é adotada pela ONU, apenas um simples telefonema é feito sem maiores consequências.

O fato é que a crise econômica mundial impõe aos países imperialistas uma nova corrida pela repartição das esferas de influência e zonas de controle econômico. Tudo fazem para que uma nova correlação de forças se estabeleça, contando com o silêncio criminoso da chamada “comunidade internacional”. Logo, as ameaças contra o Irã nada têm a ver com os “receios de ataques nucleares” ou com “a preocupação com a paz mundial”, mas objetivam garantir o monopólio nuclear para os países imperialistas e, desta maneira, seu controle sobre os povos e nações oprimidas do mundo.

Heron Baroso, militante do PCR

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