O governo do Rio Grande do Sul apresentou por decreto uma proposta pedagógica de reestruturação do ensino médio nas escolas públicas que visa implantar o ensino politécnico. Esse ato foi o estopim que fez com que a categoria dos professores do estado decretasse greve geral por tempo indeterminado em assembleia geral no dia 18 de novembro no ginásio Gigantinho em Porto Alegre.
Segundo Luís Veronezi, representante da Direção Central do Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul (CPERS), em entrevista ao jornal A Verdade declarou que “Tudo está sendo feito por decreto e sem discussão com a comunidade escolar, isso impossibilita um processo democrático de construção e alteração da proposta do governo. O termo politécnico, por exemplo, é um termo marxista, mas o projeto do governo de marxista não tem nada, apenas visa formar mão de obra barata para as empresas da região, além de dificultar o acesso dos estudantes da escola pública à universidade, visto que diminuirá a carga horária de disciplinas como matemática, português, geografia, história e outras para garantir disciplinas de orientação tecnicista”.
A greve dos professores foi aprovada colocando três bandeiras: contra a reestruturação apresentada pelo governo do ensino médio; contra a avaliação dos professores, também apresentada pelo governo e pelo pagamento do Piso Salarial Nacional. Para o CPERS “A questão do piso não é só salarial, mas representa uma valorização dos professores. Perdemos muitos professores todos os anos cooptados pelas empresas, para trabalhar em qualquer outra coisa, porque não dá pra viver com o baixo salário de professor.”
Por outro lado, o governo do estado tenta minar a greve com acusações de “greve de final de ano”, colocando que os alunos estariam sendo prejudicados e fazendo entrevista com pais que são contra a greve. Essa campanha já recebeu apoio inclusive de entidades que há muito não representam mais o movimento estudantil real e que estão de braços dados com o governo. É o caso da UGES (União Gaúcha dos Estudantes Secundaristas), que em congresso aprovou posição contra a greve. Mesmo assim centenas de estudantes têm saído às ruas juntamente com os professores em apoio à greve e contra o Ensino Politécnico.
Quando questionado sobre a “greve de final de ano”, Veronezi explicou que “a culpa é do governo Tarso Genro, pois apresentou no final de ano essa proposta de reestruturação que na verdade desmonta a educação pública e que faz parte de um plano neoliberal para a educação pública brasileira. Nós, professores, não temos como começar 2012 sendo polivalentes e ensinando todas as matérias como quer o governador em seu projeto. A interdisciplinaridade leva tempo, não é assim da noite para o dia. Além do que a greve é um instrumento de pressão mesmo, sabemos que têm greve no restante que dura há mais de 90 dias, e se o governo está pressionado porque está no final do ano, esse é o melhor momento para a greve, não podíamos deixar para o ano que vem com o decreto já implantado.”
Redação RS