Na manhã do dia 2 de março os estudantes da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas – FAFICH – da UFMG se depararam com a interdição do Centro Acadêmico de Filosofia – CAFCA -, que estava com sua porta trancada e com uma nova fechadura. A diretoria da FAFICH arrombou a sede do CAFCA durante o final de semana de maneira arbitrária e autoritária. Os motivos apresentados pela diretoria foram a falta de uma gestão formal do Centro Acadêmico (CA) e o que chamaram “apoio à venda de alimentos ilegais na FAFICH”, pois os estudantes guardaram o carrinho de balas da Márcia – vendedora ambulante que vende balas na FAFICH – dentro do CA.
Diante desse absurdo os estudantes tentaram dialogar com a diretoria para que esta abrisse a porta, tentativa em vão, pois a diretoria permaneceu intransigente em sua postura autoritária. Os estudantes decidiram então, em assembleia, abrir a porta do CA, ocupar o espaço que lhes é de direito e entregar a porta violada pela diretoria da FAFICH na sala do diretor, para que ele faça dela um melhor proveito.
É importante salientar que os espaços estudantis foram conquistados pelo Movimento Estudantil, por isso são de direito dos estudantes e cumprem um papel importante na Universidade. Essa atitude da diretoria da FAFICH, que tenta a todo momento, de forma arbitrária, impedir os espaços de organização e convivência estudantil é uma manifestação da postura atrasada e antidemocrática da mesma, desrespeitando a autonomia dos estudantes. Posturas como essas retomam a Ditadura Militar, que em uma de suas primeiras ações, em 1964, incendiou a sede da UNE como forma de intimidação e invadiu as instalação da Faculdade Nacional de Direito, apreendendo documentos e acervos históricos do Centro Acadêmico Cândido de Oliveira.
Os estudantes permanecem em constante vigilância e organizando ações para garantir que esses retrocessos não saiam impunes e que a democracia volte a reinar na FAFICH, local que foi berço da Democracia em vários momentos.
Isabela Rodrigues Ligeiro
Diretora do Centro Acadêmico de Ciência Sociais da UFMG
Não presenciei o fato, mas nesse caso nao estou contra a diretoria da fafich não velho; esse tipo de decisão é concebido à diretoria eleita, eles tem autonomia para tomar essas atitudes sim (as pessoas concordam com os regimentos, depois querem mudá-los da noite pro dia, nao é por ai), não tenho nada q me leve a defender a diretoria da Fafich, pelo contrário, eu normalmente digo q eles são uns bostas q nao fazem nada, o q infelizmente é um fato, mas nesse caso eles estão completamente certos; não é nem só o regimento interno da Fafich, mas o da UFMG q não permite “ambulantes” nos prédios… sendo assim, nesse caso particular eu até admiro a atitude deles, parece q finalmente estão mudando, pois estão fazendo valer o regimento…
Veja, se abrir exceção pra um, tem q abrir pra todos, quantos não querem um “ponto de venda” ali! (até eu quero um carinho de balas lá uai!)
Mesmo sem ter estado lá, tenho certeza q na verdade foi meia dúzia q pôs pilha no pessoal q vai atrás igual gado alienado; 80% estava ali só pra aparecer e dizer “mamãe sou revolucionário”, nem sabendo do q tava reclamando! muito menos eram do curso de filosofia, enfim…
Isso só estraga os protestos sérios e q de fato valem a pena uma manifestação…
Nessa questão dos “ambulantes” não tem o q discutir, isso é uma regra q é válida pra toda e qualquer escola e repartição pública, esses estudantes q estão tomando partido desse pessoal não sabem o problema q estão criando, daqui a pouco vai virar a feira Hippie lá! Eu vou querer minha banquinha tb uai! (salário de professor, pra quê?! sem dúvidas ganha-se mais por semana ali!)
Como eu escrevi a materia e estava presente no dia do ocorrido citado na materia, acredito que é importante explicar algumas coisas.
Quanto a questão das regras e normas, não estamos querendo muda-las de uma hora pra outra sem nenhum critério, quem está mudando as coisas assim , sem dialogo nenhum com a comunidade é a Diretoria. Mas fica claro que o uso da legalidade pela Diretoria nesse caso é porque lhe convem, pois assim como há mais de 10 anos as Marcias estão na faculdade, aceitas inclusive pela congregação da faculdade, outros trabalhadores também exercem seus oficos na FAFICH sem terem passado por Licitação ou coisa semelhante. Nesse sentido , os estudantes defendem a permanencia das Marcias, mas que isso seja regulamentado e feito um contrato por exemplo, assim como é feito com a Quixote e Copec – Livrarias -. De forma a garantir o direito a trabalhadores que já estão na FAFICH a muito tempo e que estão suprindo uma demanda que existe por parte da comunidade. O que é diferente de alguém que chegou hoje, e mesmo nesse caso, se houver, acredito que deve haver uma discussão e encaminhamentos de forma democratica.
Outra coisa, é que todos os estudantes presentes que acompanharam as assembleias e discussões que ocorreram no dia estavam cientes e informados sobre o que estava acontecendo sim, foi um processo que iniciou as 9h da manhã e terminou somente as 15h, com um assembleia que durou mais de 2h. Além de que esse assunto também já vem sendo debatido em várias assembleias e a interdição do CAFCA foi só o estopim.
A pauta das Marcias – vendedoras ambulantes – está interligada com todo o processo que estamos passando na FAFICH, de grandes mudanças na faculdade ( como a reforma, a mudança da entrada do predio, a realização de confraternizações, etc. ) em que a Diretoria decide sozinha o que fazer sem debater com todos os interessados, na verdade nem informes para a comunidade academica estava tendo, somente depois da pressão dos estudantes que isso começou a ocorrer.
Quanto ao CA, acredito que é um espaço sim dos estudantes, que foi conquistado e é de direito deles, até concordo com a regularização da gestão e da necessidade de representantes a frente da entidade para organizar o centro academico e suas pautas e lutas, mas quem deve decidir e organizar esse processo são os estudantes de filosofia e não a imposição da Diretoria.
Enfim, é um assunto delicado e bem mais profundo, a materia informou o que ocorreu no dia da interdição do CA, mas o problema das arbitrariedades da Diretoria da Fafich vão além desse dia e se interligam por partirem todos de um mesmo “orgão”, que deveria primar pela democracia e diálogo.