Quase 15 mil servidores federais – a maioria completando mais de um mês de greve – apoiados por centenas de estudantes, percorreram a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, no último dia 18 de julho, para cobrar a apresentação de propostas concretas para as demandas mais urgentes do setor.
A combatividade da manifestação incomodou o Governo e, no final da marcha, os servidores, que se concentraram no Ministério do Planejamento, numa tentativa de serem recebidos pela ministra Miriam Belchior, foram atingidos pela Polícia Militar do DF com spray de pimenta e cassetetes.
Até agora, somente os professores universitários, em greve há dois meses, receberam propostas oficiais. A marcha fez parte das atividades do “Acampamento da Greve”, que está montado na Esplanada e tem servido como importante ponto de encontro e apoio dos servidores que lutam por melhores condições de trabalho e serviços públicos de qualidade.
Apesar da grande demonstração de força dos servidores federais, o esforço não sensibilizou o Governo, que continua sem apresentar propostas concretas e tem mantido o discurso de que não possui recursos suficientes para atender todas as demandas dos trabalhadores. A Federação Nacional dos Estudantes do Ensino Técnico (Fenet), a União da Juventude Rebelião (UJR) e o Partido Comunista Revolucionário (PCR) estiveram presentes mobilizando diversos estudantes de várias partes do Brasil.
Para Yuri Pires, 1º vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), “os estudantes brasileiros estão indignados com a política do Governo Federal para a educação. É um absurdo priorizar os pagamentos da dívida pública, que chegaram em 2012 a 47,19% do PIB do país, em vez de ampliar as verbas para educação, aplicar um aumento salarial digno aos servidores federais e sancionar a lei dos 10% PIB para educação pública”.
O Governo alega que não pode negociar devido à crise econômica mundial, porém irá gastar para construção de estádios da Copa 2014 o equivalente a R$ 7 bilhões. E mais. Foi aprovada pelo Congresso, no dia 17 de julho, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que não prevê reajustes salariais no ano de 2013, pois o Governo se opôs ao texto do Relatório Final que continha uma margem para reajustes dos servidores.
Para Ana Carolina Sarmento, coordenadora-geral da Fenet, “o Governo não prioriza a educação pública, prova maior disso é que se nega a negociar com os professores e técnico-administrativos em greve, desviando também para o bolso dos tubarões do ensino grande quantia de dinheiro público através de programas como o Pronatec, no caso ensino técnico”.
Claudiane Lopes, militante do PCR