A greve de quase 370 mil servidores federais, distribuídos em cerca de 30 categorias, e as consecutivas quedas na taxa de emprego no ramo industrial do país demonstram que a crise da economia capitalista, iniciada em 2008 nos países ricos, já faz parte do cotidiano dos brasileiros. Mesmo assim, o governo federal se mostra intransigente em relação às pautas dos grevistas. Em contraste com isso, são anunciadas novas privatizações e incentivos para os empresários.
No último dia 15 de agosto, foi anunciado um pacote de R$ 133 bilhões em investimentos para concessões à iniciativa privada de 7,5 mil km de estradas e 10 mil km de ferrovias. Em fevereiro, concessões também foram dadas a três consórcios para gerirem alguns dos maiores aeroportos do Brasil – os de Guarulhos (SP), Campinas e Brasília + que ainda contam com mais de R$ 21 bilhões em empréstimos do BNDES (banco estatal). A verdade é que essas “concessões” não passam de privatizações. Dilma diz que não. Mas a própria revista Veja, burguesa que é, assume: “Dilma retoma as privatizações”.
O setor industrial também recebeu um pacote de desonerações fiscais e linhas de crédito, no valor de R$ 60,4 bilhões. Mesmo assim, a taxa de emprego em junho caiu pela quarta vez consecutiva. Ou seja, a ajuda do governo só serviu para os industriais aumentarem seus lucros e explorarem mais a classe operária.
Outro grupo seleto de burgueses está cada vez mais rico no Brasil: os donos das concessionárias automotivas. Só no ano passado, remeteram ao exterior aproximadamente R$ 11,2 bilhões. Este ano, acumularam quatro meses seguidos de redução de IPI, o que custou ao povo R$ 1,2 bilhão, segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Há que se perguntar se os trabalhadores receberam algum benefício fiscal ou isenção de impostos. Todos sabem que não. Hoje, com a alta no preço dos alimentos, o salário mínimo de R$ 622 só pode comprar duas cestas básicas. Inclusive, de acordo com o Dieese, o salário mínimo deveria ser de R$ 2.329,35. Onde estão, então, os outros R$ 1.707,35 que faltam no bolso do trabalhador? No bolso dos patrões. É por isso que são ricos.
Portanto, o povo necessita ir à luta. Quando a situação é grave, a resposta é a GREVE.
Bruno Abreu, Recife