Todos os dias, a grande imprensa aponta um momento positivo na economia do Brasil, dizendo que o país está longe da crise do capitalismo que se espalha pelo mundo, anuncia algumas vagas de emprego, como se estas existissem aos montes, e repete o velho ditado que diz “o Brasil é o país do futuro”. Mas quais são mesmo as perspectivas de futuro para a juventude do nosso país?
O sistema econômico vigente, o capitalismo, tem colocado os trabalhadores e a juventude numa situação de risco. Segundo um estudo realizado pelo professor Adalberto Cardoso, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) atualmente, no Brasil, 19,5% dos jovens entre 18 e 25 anos não trabalham nem estudam.
Os jovens nessa faixa etária representam 27,3 milhões de pessoas, das quais 5,3 milhões sem perspectiva de futuro. Para o economista do Ipea Paulo Levy, essa geração perdida vai fazer falta para um crescimento sustentado e, por isso, as empresas terão que aumentar a produtividade dos que estão trabalhando. Ou seja, isso significa que, para manter seus lucros, os empresários terão que explorar cada vez mais os trabalhadores.
Além de o governo investir uma pequeníssima parcela das riquezas do País na educação (apenas 2,99% do PIB) o que faz com que apenas 15% da juventude tenha acesso ao ensino superior, existem outros elementos que geram o fato presente. A ausência de perspectiva no futuro e a sobrevida que o mercado de trabalho oferece aos jovens, entre outras condições, têm gerado esta geração de oprimidos, puro reflexo do sentimento de desesperança que assola a sociedade. O mundo capitalista é o mundo baseado no dinheiro e no lucro fácil, oposto à ideologia das classes trabalhadoras que não querem nada além do recebimento justo, compatível com aquilo que produzem.
Sendo assim, por ser a classe dominante que tenta transformar tudo à sua imagem e semelhança, a burguesia tem impedido, da forma mais brutal, o avanço do proletariado e, consequentemente, da sociedade. Como disse Karl Marx de forma simples, mas profunda, no Manifesto do Partido Comunista, “O sistema burguês tornou-se demasiado estreito para conter as riquezas criadas em seu seio”. Eis o motivo pelo qual se tenta, de forma desenfreada, conter as forças produtivas, por um lado, e, por outro, explorar cada vez mais os trabalhadores que restam na ativa.
Esta realidade só nos leva a uma crise ainda mais profunda do capitalismo, uma vez que o próprio sistema tem criado uma geração que comprometerá a produção de riquezas no futuro. Não vamos esperar para ver cada vez mais famílias entregues à miséria, à fome e ao desemprego. Torna-se cada vez mais necessário que a juventude do nosso país se junte na luta por uma sociedade diferenciada, em que o proletariado esteja à frente das decisões sobre o rumo da vida do nosso país. Sobre o futuro, façamos nossa a frase do Che quando nos ensinou que, “se o presente é de lutas, o futuro nos pertence”.
Daniel Victor, Recife