Já se passou mais de um século desde que médicos como Oswaldo Cruz e Carlos Chagas denunciaram que determinadas doenças estavam diretamente ligadas ao subdesenvolvimento social.
Doenças como a dengue, doença de Chagas, leishmaniose, malária, esquistossomose, hanseníase e tuberculose ainda matam um milhão de pessoas por ano no Brasil. Mas o que todas elas têm em comum? A resposta repousa num histórico de negligência repetida e no fato de que nenhuma delas está na lista de prioridades. Além disso, essas doenças resistiram ao tempo e estão presentes até hoje na vida da maioria das pessoas carentes.
Dessa forma, tendo passado mais de um século, Pernambuco mudou a forma de economia, já não depende só do plantio. Ao contrário, tem recebido muitos investimentos e, falando em termos econômicos, segundo especialistas, é um estado que está em plena ascensão. Porém, essas mazelas que insistem em assolar a vida de tantos cidadãos nos mostram a realidade do Estado de Pernambuco e do Brasil. A verdade é que a vida da maior parte da população não é tão boa assim.
Isso tudo só confirma que desenvolvimento econômico não significa o mais importante: desenvolvimento social. Uma população precisa de serviços e obras estruturais, juntamente com uma espécie de tríade de direitos que são: educação, acesso a serviços de saúde e saneamento básico. A ausência destes três pontos favorece o aparecimento de diversas doenças que não prevalecem em condições de pobreza e contribuem para a manutenção do quadro de desigualdade, já que representam forte entrave ao desenvolvimento social.
A grande verdade é que as doenças negligenciadas estão diretamente ligadas a questões econômicas, pois, as grandes indústrias farmacêuticas não veem nessas doenças nenhum potencial de se tornarem impulsoras de compradores de remédios. Em outras palavras, são doenças que não têm um público comprador. Afinal, estão presentes na parte da população pobre e que mal consegue sobreviver.
E é justamente pela falta de investimentos da iniciativa privada e pelo esquecimento por parte da máquina pública que tanto a população carente quanto essas doenças são negligenciadas. Não se pode pensar em doenças sem pensar nas pessoas e, nesse caso, há uma dupla negligência típica do capitalismo: onde as indústrias são mais importantes que moradias, lucro é mais importante que cidadãos e onde o dinheiro vale sempre mais que os seres humanos.
Não se pode ficar esperando que um dia essas doenças sejam prioridade. É preciso muita luta para trazer direitos sociais a todos. Fazer o cidadão ser um cidadão de verdade. Só assim ele terá direito de viver sem ser presa fácil de doenças tão simples de serem evitadas. Somente em um país socialista a igualdade social será o remédio para uma população tão negligenciada quanto as doenças que ela tem.
Lene Correia, Recife
Fontes: IBGE(CENSO 2010) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)