Dia 25 de novembro marca a luta internacional de combate à violência contra as mulheres. No Brasil, mais de 43 mil mulheres foram assassinadas nos últimos dez anos. Embora tenhamos avanços legais com a Lei Maria da Penha, que coíbe este tipo de violência, não contamos com instrumentos públicos que viabilizem a aplicação desta lei. As Delegacias da Mulher só funcionam de segunda a sexta e até às 18h. Nos finais de semana, justamente quando ocorre o maior número de agressões contra a mulher, encontram-se fechadas.
Sabendo dos limites da Lei Maria da Penha e percebendo a importância de ganhar toda a sociedade para esta luta, o Movimento de Mulheres Olga Benario realizou e participou de atos públicos e debates em alguns estados. Em Recife e outras cidades, o Movimento também realizou dezenas de brigadas com o jornal A Verdade (edição nº 145), que trazia como manchete “A cada 15 segundos, uma mulher é agredida no país”, realizando uma grande agitação política e vendendo centenas de exemplares.
No dia 24 de novembro, o Movimento de Mulheres Olga Benario participou do ato da Casa da Mulher Trabalhadora (Camtra), no Centro de Duque de Caxias-RJ. O evento contou com a participação de diversas representantes de entidades e organizações que apoiam e encabeçam a luta feminina no Estado.
Intercalando apresentações culturais e intervenções políticas, a atividade contou com intensa participação da população, em sua maioria mulheres, interessadas em se informar sobre os dados da crescente violência e de como fazer para se unirem contra esta que é uma das mais gritantes formas de opressão sofrida. Também foram realizadas panfletagens em fábricas onde há um grande número de operárias e nas comunidades pobres, juntamente com o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB).
No dia 30 de novembro, em Santo André, no ABC Paulista, aconteceu um ato com a participação de aproximadamente 40 mulheres. A atividade começou com uma panfletagem na principal estação de trem da cidade, onde foram distribuídos mais de mil jornais do Movimento. Depois, seguiram em caminhada pelas principais ruas do Centro e, onde passou, recebeu total apoio da população.
Em um dos momentos mais emocionantes da caminhada, uma mulher que observava tudo da calçada começou a chorar ao pegar o jornal do Movimento, relatando que sofreu muitas agressões do marido no passado. Durante toda a caminhada, as companheiras reafirmavam que tudo isto é fruto do sistema capitalista e que só no socialismo conseguiremos a verdadeira igualdade entre homens e mulheres.
O ponto final do ato era a Delegacia de Defesa da Mulher de Santo André, onde uma carta seria entregue. Chegando ao local, no entanto, o imenso descaso no atendimento à mulher vítimas de violência se repetiu com as integrantes do Movimento: delegada não estava em seu plantão, e as duas funcionárias se recusaram a protocolar o documento. Após escutarem que as delegacias da mulher são fruto da luta do movimento de mulheres e, como tantas outras conquistas que já obtivemos, continuaremos em luta até alcançarmos mais esta, as funcionárias, enfim, protocolaram a carta reivindicando a ampliação do funcionamento da Delegacia para 24 horas por dia, todos os dias da semana.
Em Belém-PA, no dia 25, aconteceu um ato público na Praça da República, contado com a participação de várias organizações sociais como o Movimento de Mulheres Olga Benario, Grupo de Mulheres Brasileiras, MST, Brigadas Populares e partidos políticos.
No dia 26, o Olga Benario e o MLB realizaram um debate num bairro popular, que contou com a participação de 60 companheiras, com o tema “Violência contra a mulher não é o mundo que a gente quer!”, e vários foram os relatos de mulheres que sofreram e ainda sofrem violência por parte de seus maridos ou namorados. No dia 28, dois debates foram realizados na Escola Estadual Maria Figueiredo, em Ananindeua.
Carolina Mendonça, Fernanda Lopes e Juliete Pantoja