No último dia 5, os passageiros do ônibus 731-Marechal Hermes, que circula pela Zona Norte e Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, presenciaram um caso de machismo e agressão verbal a uma gestante.
Depois de pagar a tarifa do ônibus com uma nota que correspondia a sete vezes o valor de sua passagem (segundo a Lei nº 6.075/88, o passageiro tem direito de usar uma nota que corresponda a, no máximo, 20 vezes o valor do bilhete), uma professora da rede municipal de ensino ouviu do motorista que deveria deixar o ônibus, pois não tinha troco. Ao pagar com uma nota de menor valor, emprestada por um passageiro, ainda assim o motorista se negou a lhe dar o troco.
Ao queixar-se do comportamento desrespeitoso do motorista, a servidora ouviu um “cala a boca” e piadas vulgares e de mau gosto, numa tentativa de fragilizá-la. Logo em seguida, o motorista freou bruscamente o veículo, com o intuito de machucá-la, ignorando o fato de a senhora estar grávida e passando mal. Tal atitude fez com que ela acionasse a Polícia.
Uma representante do Movimento de Mulheres Olga Benario estava no ônibus e foi testemunha da gestante. O ônibus foi esvaziado depois que houve desacato a uma policial que entrou nele – e também foi vítima de preconceito por ser mulher. As testemunhas e a vítima foram para a delegacia registrar queixa.
Toda essa violência e desrespeito às mulheres só demonstra o atraso em que vive nossa sociedade. A mídia burguesa contribui diretamente para o agravamento desse quadro, através de novelas e de propaganda que vulgariza a mulher e a transforma em mercadoria. É preciso garantir respeito à integridade física e psicológica das mulheres e expandir a luta pela sua libertação.
Karen Lemes, Rio de Janeiro