Os trabalhadores do telemarketing no Estado de São Paulo, categoria que recebe um dos menores salários e piores condições de trabalho, têm como data-base para o reajuste salarial mês de janeiro. Porém, passados mais de um mês, nada do aumento.
O Sindicato que representa a categoria, Sintetel, estava em negociação com os patrões, porém não desenvolveu nenhuma mobilização na categoria, o que, naturalmente, deixava o ambiente da negociação favorável às empresas.
Desde o fim de 2012, o Movimento Luta de Classes (MLC) tem distribuído panfletos a fim de esclarecer os trabalhadores sobre o que ocorria no processo de negociação com as empresas e mobilizar os trabalhadores a greve, o que foi recebido com muita disposição e vontade de luta pelos trabalhadores.
Dia 20 de fevereiro, , teleoperadores de diversos setores da empresa Atento, em São Bernardo do Campo, maior empresa de teleatendimento do ABC, iniciaram uma paralisação exigindo aumento real do salário, que hoje é de R$ 630,00 e a empresa estava propondo 5,5% de reajuste, menos que a inflação. Os trabalhadores lutavam também para que o aumento venha com o retroativo desde janeiro, que é a data-base da categoria e por um vale-alimentação digno, pois hoje recebem o valor de R$ 5,00 por dia (conhecido como vale-coxinha).
Como se tratava de uma paralisação de advertência, os trabalhadores se dispuseram a retornar às 19h00, desde que a empresa não aplicasse medida disciplinar, mas a empresa não se comprometeu a isso, e os teleoperadores mantiveram a paralisação.
Dentro da empresa, para outros teleoperadores que queriam aderir ao movimento, a empresa utilizou de ameaças e assédio moral para impedir a adesão.
No dia seguinte, 21 de fevereiro, os trabalhadores começaram a se reunir na porta da empresa às 13h00 com o objetivo de continuar a pressão pelo salário e para exigir que não fossem aplicadas medidas disciplinares. Em pouco tempo, chegou também o Sintetel, e a empresa voltou atrás em relação às medidas disciplinares, o que representou uma grande vitória dos trabalhadores.
A direção do sindicato informou como está a negociação com as empresas, que começam a ceder para reivindicações da campanha salarial e que paralisações como aquela fortalecem a pressão nas mesas de negociação. Em relação ao salário, a diretoria do dindicato afirmou que as empresas já tinham aberto mão dos 5,5%, e que a negociação estava em torno do aumento real e que o retroativo será garantido.
Os trabalhadores voltaram ao trabalho e continuam firmes, junto com o MLC, para acompanhar as negociações e mobilizados para lutar pelo salário e condições de trabalho.
Redação São Paulo