Em Belém uma marcha em solidariedade às manifestações que estavam acontecendo em São Paulo levou mais de 13 mil pessoas à Avenida Almirante Barroso, principal via de acesso a cidade. Além da solidariedade com o movimento em São Paulo, em reunião que preparou a marcha com a presença de cerca de 300 pessoas, os manifestantes definiram como principais pautas do movimento a redução da tarifa e o passe livre para os estudantes.
O movimento assumiu formas de uma verdadeira guerra urbana na segunda marcha realizada no dia 20. A marcha dessa vez se dirigiu ao prédio da prefeitura e mais de 10 mil pessoas exigiram que o prefeito recebesse publicamente o movimento. Segundo a imprensa local, após a saída do prefeito a frente do prédio houve o lançamento de pedras por parte dos manifestantes, tendo atingido um guarda municipal que ficou ferido. A tropa de choque entrou em ação juntamente com a cavalaria arremessando bombas de efeito moral contra a multidão pacífica que se encontrava no local.
Por conta dos gases lançados contra a manifestação, uma gari que se encontrava em seu local de trabalho passou muito mal por conta da intoxicação causada pelo gás lacrimogênio. Cleonice, de 51 anos, mãe de 3 filhos, veio a falecer em um Pronto Socorro após sofrer 6 paradas cardíacas.
No sábado (dia 22) um ato contra a PEC 37 reuniu 3 mil pessoas que se dirigiram ao Ministério Público onde foram recebidos por representantes do órgão.
Já no ato do dia 24 mais de 5 mil pessoas participaram da marcha que novamente se dirigiu a sede da prefeitura. Desta vez o movimento entregou uma pauta contendo 4 principais pontos: Redução da tarifa de R$2,20 para R$2,00; Congelamento da tarifa por 2 anos; Passe livre para estudantes e desempregados; e efetivação de lei do passe livre aos domingos suspensa através de liminar concedida em favor dos empresários do transporte público da cidade.
A pauta foi recebida pelo assessor do prefeito, Wolfgang Endemann, exonerado dois dias depois por conta da péssima repercussão gerada por declarações fascistas postadas nas redes sociais onde o assessor afirmou: “Morte aos petralhas e comunistas. Nós deveríamos matar todo o resto dos comunistas. (…) Vou caçar esses FDP”.
As manifestações continuam com toda força e em mais um dia de protesto 5 mil pessoas voltaram às ruas da cidade no dia 26. Chama à atenção as palavras de ordem contra a imprensa local. Afiliadas de grandes emissoras nacionais a exemplo da Globo, que tem sua sede localizada no trajeto das marchas, sempre é vaiada e hostilizada com palavras de ordem como “O povo não é bobo! Abaixo a Rede Globo”. Toda vez que uma câmera é ligada os manifestantes se unem atrás dos repórteres com seus cartazes e gritam: “Mídia fascista, e sensacionalista” num grande descontentamento com as coberturas tendenciosas feitas por estes veículos de comunicação.
Apesar da firme resistência do movimento, o prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB) tem se negado a atender ao pedido de redução da tarifa como tem ocorrido em todo o país.
Emerson Lira