O rap é uma importante forma de expressão dos moradores das regiões mais pobres das grandes metrópoles brasileiras, que, constantemente, sofrem com os abusos da polícia, do tráfico de drogas, com a falta de infraestrutura e de perspectiva de vida. É nesse contexto que, entre muitas outras formas de manifestação, encaixa-se o rap, palavra que vem das iniciais de rhythm and poetry (ritmo e poesia, em inglês.). O ritmo surgiu nos Estados Unidos, em meados da década de 1970, e chegou ao Brasil no início dos anos 1980.
Jailson Davi, de Olinda, Pernambuco, conhecido no movimento hip-hop como MC Demo, considera que o rap não é só movimento musical destinado ao entretenimento, mas um instrumento de luta por melhores condições de vida das pessoas que são deixadas à margem da sociedade pelo capitalismo. “O rap deve ser um instrumento de luta e de propaganda da necessidade de grandes transformações sociais por meio de uma revolução socialista. Como mostram as músicas O Povo no Poder e Coração Vermelho (ver em: www.soundcloud.com), feitas em parceria com o MC Davi Perez, de Florianópolis.
Por trazer em suas letras mensagens de rebeldia e de contestação das mazelas da sociedade, o rap se tornou um dos estilos musicais mais aceitos pela juventude brasileira. Cientes desse potencial e visando desviar o rap e o movimento hip-hop de sua essência, a burguesia, principal interessada na alienação dos jovens, investe pesado por meio das gravadoras na cooptação dos artistas mais conscientes e importantes do gênero, e incentiva músicas com letras fúteis e distantes da realidade do povo, oferecendo em troca um caminho para o sucesso. Não é à toa que o rap é hoje um dos ritmos que mais crescem no mercado fonográfico, gerando lucros astronômicos.
Mas a resistência está aí, e, como todo movimento popular que surgiu para lutar ao lado do povo, cresce e se populariza cada vez mais. Para MC Demo, “a cada música de rap que se vende, surgem dezenas para continuar a luta e mostrar, de diferentes pontos de vista, que existe a luta de classes na sociedade e defender um mundo novo de justiça social”.
Da Redação