Em um cenário nacional de desmonte do Sistema Único de Saúde (SUS), onde o governo entrega a gestão de vários hospitais públicos às chamadas Organizações Sociais (que de sociais nada tem), surge a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH, como fórmula mágica para salvar a precarização em que se encontram os Hospitais Universitários.
Dentre outros absurdos, a perda da autonomia universitária é o que mais preocupa as instituições, já que o objetivo primordial de um hospital universitário é manter o tripé ensino-pesquisa-extensão, desenvolvendo novas tecnologias e formando bons profissionais para atender e servir a sociedade.
A UFRJ está passando pelo processo de decisão da adesão à EBSERH. No último mês, foram realizadas várias sessões do Conselho Universitário na tentativa de aprovar atropeladamente a entrada da empresa na universidade, porém, não foi tão fácil como a Reitoria e o governo pensaram. Em todas as sessões, não houve menos do que 200 estudantes, técnicos, professores e funcionários do HU presentes para pressionar a reitoria a ouvir a voz da comunidade acadêmica, que deixou clara sua posição contrária a EBSERH.
A sessão decisiva foi marcada pro último dia 26, no maior auditório do Campus Fundão, no bloco A do Centro de Tecnologia, mesmo lugar onde houve a votação do Reuni há 6 anos atrás. Acontece que dessa vez a comunidade acadêmica está mais decidida a barrar essa forma de privatização da saúde e da educação. Guiados pelo DCE, Sintufrj e Adufrj, mais de mil pessoas encheram a sessão do Consuni e com palavras de ordem “Reitor, golpista! Capacho privatista!” e “Não vai passar, não vai passar, a EBSERH não vai passar!” defenderam a autonomia Universitária.
Neste dia também foi aniversário do Estudante Mário Prata, que dá nome ao DCE. Mário Prata era estudante de engenharia, foi assassinado na ditadura militar e morreu por lutar por uma sociedade mais justa e igual para todos, onde o povo estivesse em primeiro lugar. Fazendo jus ao seu patrono, o DCE UFRJ deu exemplo de sua capacidade de mobilizar os estudantes da universidade na luta por uma educação e saúde públicas de qualidade.
A última sessão do Consuni foi uma enorme vitória, já que mais uma vez o Reitor ficou envergonhado de prosseguir com a votação por conta da pressão dos estudantes. Está claro que a nossa luta ainda não acabou, pois ainda precisamos banir a EBSERH de vez da nossa universidade e só conseguiremos isso com a mobilização de todos, como já provamos.
Gabriela Celestino, diretora do DCE Mario Prata