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sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

O mal-estar nas páginas de Veja

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Veja menteO mal-estar que a grande imprensa demonstra em relação a qualquer iniciativa de regulamentação da mídia é gritante. Em editorial, a revista Veja, símbolo maior de manifestações reacionárias de nosso jornalismo, condena veementemente as medidas aplicadas na Inglaterra após o escândalo do jornal News Of The World, de Hupert Murdoch.

Como o diabo foge da cruz, Veja se esquiva das questões e prega aos quatro ventos a liberdade de expressão que se pode perder com tais medidas. Entretanto, a publicação se esquece de mencionar sua demasiada contribuição em prol de que tudo continue da mesma maneira. Esquece que é o maior bastião conservador de um país de 200 milhões de habitantes. Em sua “cruzada” contra qualquer marco regulatório, declara-se em luta a favor das liberdades dos meios de comunicação, uma vez que a maioria dos países do norte já o fizeram há muito tempo.

A contradição da revista é tão grande que, em sua tentativa de demonizar setores tradicionais da esquerda, como o Movimento Sem Terra (MST), não lembra que nos Estados Unidos a reforma agrária já foi feita há mais de um século.

Ainda no editorial, a publicação desqualifica o organismo regulador inglês recentemente criado, enxerga de maneira mesquinha a iniciativa ao citar que é composto por “cidadãos sem ligação com os meios de comunicação, com o governo ou com partidos políticos”. Ora, cá entre nós, Veja concebe os meios de comunicação como uma espécie “Clube da Luluzinha”, na qual somente meia dúzia de contemplados podem decidir, opinar e lucrar.

O mal-estar de Veja não é solitário, outros veículos e grupos ainda maiores do que o conglomerado dos Civita defendem a mesma ideologia. Prefiro ficar com a opinião dos pobres, do povo, de quem não tem voz, mas tem sabedoria, e com o pertinente ditado popular: “quem tem, tem medo”.

 Ronaldo S. Lages, São Paulo

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