A cidade paulista de Diadema está vivendo uma situação controversa. A maioria das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) trabalhava com o programa de Saúde da Família, o qual tem como meta e objetivos prevenir, investigar e tratar o paciente com 100% de vínculo com a unidade de saúde. Este sistema pretende não apenas tratar a doença, mas, por meio do conhecimento e vínculo dos usuários com a unidade de saúde, preveni-la, através do trabalho do médico e das visitas periódicas dos agentes de saúde às residências.
No entanto, a prefeitura de Diadema está ignorando esse preceito do Sistema Único de Saúde (SUS)ao implantar o chamado “P.A.zão” (pronto atendimento) nas UBSs, onde atende a quem chega primeiro, nas duas horas iniciais de abertura da unidade, deixando de lado a prevenção e o vínculo com a população.
Esse sistema foi imposto de cima para baixo, sem diálogo com a população, acarretando ainda uma sobrecarga de trabalho, já que os atendimentos aumentaram, mas o número de médicos não, gerando estresse e deixando os servidores doentes. Apenas em janeiro deste ano, aproximadamente 80 médicos pediram afastamento de seus postos na cidade, por não concordarem com a atual administração.
Um atendente da UBS do Piraporinha, que preferiu não se identificar, nos fez a seguinte declaração: “O que precisamos é de prevenção, de cuidar das pessoas. Como a espera para marcar consulta é de aproximadamente um mês, a mesma pessoa volta no dia seguinte com outra queixa; assim, tem a chance de voltar todos os dias da semana, excluindo a possibilidade de se tratar de verdade. O governo nãoquer resolver os problemas da população, e sim aumentar o número de atendimentos, enquanto a população morre sem atendimento adequado”.
É fundamental que os trabalhadores e os usuários do SUS se unam para não permitir que este seja desmontado, pois foram anos de luta para sua implementação. Com certeza, ainda estamos muito longe de um sistema de saúde de que precisamos, mas não podemos permitir que seja destruído o que já temos.
Raimundo de Souza, servidor público e militante do MLC