No Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher (25 de novembro), o Movimento de Mulheres Olga Benário participou na mesa de debate “Questão Social, violência, criminalização da pobreza e dos movimentos sociais” na Faculdade Integrada Tiradentes (FITS), na cidade de Maceió-AL, abrindo a Semana de Pesquisa e Extensão da faculdade e, ao mesmo tempo, dando início ao ciclo de debates do curso de serviço social. A companheira Indira Xavier representou o Movimento.
Cristiano Montenegro, professor do curso, presidiu a mesa e registrou, com pesar, que Alagoas é um dos estados recordistas em homicídios de mulheres, homossexuais e mendigos. Sua visão, “problema social se expressa na pobreza, na miséria, na fome. Todas essas mazelas aparentes são inatas à sociedade que vivemos, o capitalismo. Porém, quando a classe trabalhadora se mobiliza e articula politicamente é que esses problemas se transformam em questão social”, afirmou Montenegro.
Outro professor do serviço social, Albani de Barros, apresentou a crise do capitalismo aumenta a violência sobre a classe trabalhadora. “A cada ano, 16 milhões de crianças morrem por inanição, fome, e outras doenças de fácil tratamento. Em cinco anos, foram 80 milhões, o mesmo número de mortos da Segunda Guerra Mundial. Isso é uma grande violência”, afirmou o professor.
A coordenadora do curso, professora Silmara Mendes, iniciou seu discurso afirmando claramente que a preocupação do Estado hoje é jogar na cadeia os pobres e trabalhadores. “As políticas sociais estão sendo substituídas pela repressão”, afirmou Mendes.
Silmara continuou sua fala criticando a política do capital em querer reduzir a maioridade penal, demonstrando que prisão não resolve problema social. “Os EUA, onde as prisões são todas de segurança máxima e as penas são bastante severas, possui a maior população carcerária do mundo, e a violência não para de crescer”, completou.
Indira Xavier, militante do Movimento Olga, encerrou as intervenções da mesa demonstrando que a mulher, apesar de ser maioria na sociedade, assim como nas universidades, sofre ainda a violência do capitalismo dentro da própria casa. “A cada 15 segundos, uma mulher é agredida no Brasil e, a cada uma hora e meia, tem-se uma vítima fatal do machismo. Isso é fruto de uma sociedade em que o homem acredita ter a mulher como sua propriedade, com capacidade inclusive de determinar sua vida e sua morte”. Mas, concluiu Indira “Não podemos ver todos esses dados com derrotismo. Tem que nos servir de combustível para lutar dia a dia para pôr fim em toda a desigualdade”.
Ésio Melo, Maceió