25 de janeiro, aniversário São Paulo e dia do primeiro Grande Ato contra a Copa da Fifa na cidade de São Paulo este ano.
A concentração aconteceu no vão do Masp e seguiu para o centro da cidade, onde eram realizadas diversas atividades culturais em comemoração ao 460 anos da cidade. Algumas pessoas que assistiam aos shows, vendo a manifestação, se incorporaram a ela.
Segundo informações, foram mobilizados 2000 policiais militares para acompanhar a manifestação, que segundo a própria polícia não passou de 1500 pessoas. Chegando ao Teatro Municipal, parte da manifestação seguiu para a Rua Augusta, onde a Tropa do Choque já estava posicionada.
Após serem atingidos por bombas de gás lacrimogêneo, um grupo se refugiou em um hotel. O grupo estava cercado, havia cordão de isolamento do Choque para ambos os lados da rua.
Este grupo, ao entrar no saguão do hotel, explicou aos funcionários o que estava acontecendo e mantiveram-se apenas abrigados. Em poucos minutos um grupo do Choque entrou atirando balas de borracha, com escopetas em punho, espancando com cassetetes, hostilizando física e verbalmente, de forma incisiva os manifestantes que ali estavam, que permaneceram o tempo todo com as mãos para o alto e pedindo calma.
Frases como “deita aí sua cadela”, “mão na cabeça se não é bala na testa” e “se vocês não ficarem quietos vamos fazer igual ao que fazemos com as pessoas nas quebradas” foram proferidas aos berros. Um dos feridos mais graves foi Vinícius Duarte, estudante da Unifesp, espancado por mais de uma dezena de minutos sem parar, na frente de todos, teve o rosto inteiro machucado, três dentes quebrados e traumatismo no maxilar. Ele terá que realizar cirurgia para refazer o maxilar. Também ficou com um coágulo na cabeça, tamanha a brutalidade. Os que estavam no hotel foram detidos e levados ao 78° DP.
Era possível ver, que apenas 1 policial do Choque estava com a identificação, como manda a lei. A conduta era de crueldade, e ao serem perguntados, por um dos detidos, para onde seriam levados, um policial do choque respondeu “para seu governo, essa viatura nem está aqui oficialmente”, imagens da ação registrada pelos manifestantes foram apagadas e há indícios de que a policia também solicitou ao hotel e apagasse a gravação do circuito de segurança.
O perfil dos detidos era bastante diversificado, havia até pessoas em situação de rua, moradores da região. Havia também muitas mulheres, dentre elas a Vice presidente da UNE e militante da União Juventude Rebelião (UJR), Katerine Oliveira. Na sua grande maioria jovens, estudantes, elas eram expressão exata de que a juventude é contra a realização da Copa nos moldes da Fifa, com gastos exorbitantes do dinheiro público e a lei de segurança que impede a livre manifestação.
A tensão era muita, mas o espírito de solidariedade entre os detidos também era grande, foram 6 horas desde invasão do Choque no hotel até o último detido ser liberado. Nas conversas em sussurros que aconteciam, uma certeza ficou, nada daquilo intimidou aqueles manifestantes, que afirmavam estar presentes na próxima manifestação.
Redação São Paulo, com informações dos detidos