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quarta-feira, 24 de abril de 2024

Ocupação reúne oito mil famílias em São Paulo

No dia 29 de novembro de 2013, no bairro Jardim Ângela, Zona Sul de São Paulo, cerca de duas mil pessoas organizadas pelo Movimento de Trabalhadores Sem Teto (MTST) ocuparam um terreno para sair do sufoco do aluguel. A ocupação hoje já conta com cerca de oito mil famílias, que seguem na luta para transformar o local em Área de Especial Interesse Social (AEIS).MTST

A ocupação reflete a opinião da população das periferias de São Paulo, que não aguenta mais a situação em que vivem. Ao mesmo tempo em que veem serem erguidos prédios luxuosos, shoppings gigantescos, e milhões gastos com a Copa da Fifa, as Unidades Básicas de Saúde funcionam precariamente, falta moradia digna e continua-se a viver pagando aluguel caro.

No segundo semestre do ano passado, foram organizadas outras ocupações, todas em conjunto com o Movimento Periferia Ativa. São elas: Faixa de Gaza, no bairro Paraisópolis, com cerca de mil famílias, e Dona Deda e Capadócia, somando mais mil famílias as duas juntas.

A Verdade ouviu alguns moradores das ocupações sobre o que as motivou a participar das ocupações, a seguir seus depoimentos:

“Conheci o Movimento há 8 anos e, quando entrei, vim com uma pá, uma enxada e uma cavadeira nas costas. Achei que ia marcar um terreno para começar a construir minha casa e já tinha tudo planejado, marquei um pra mim, um pra minha filha e um pra minha nora, pois todas nós pagamos aluguel. Daí me explicaram que não era assim que funcionava, o movimento era organizado e tinha regras. Depois de um mês, já passei para a Coordenação e estou até agora na luta. Hoje estou coordenando e ajudo a organizar as cozinhas das ocupações. Tenho 5 filhos e 3 netos.”  Edna Fatima Ribeiro, 61 anos, moradora da Ocupação Nova Palestina

“Entrei no Movimento em 2007, morava de aluguel, trabalhava de auxiliar de limpeza, e o dono da casa onde eu morava queria me despejar. Descobri que haviam organizado uma ocupação na Região do Vale Velho e fui pra lá. Foi difícil eu conseguir um barraco, já havia cinco mil famílias inscritas, mas eu persisti por que não ia ter outro jeito de ter minha casa própria. Estou até hoje no Movimento e estamos com várias ocupações. Estou com mais energia do que antes e estamos aí na luta.” Laura Cristina da Silva, 25 anos, moradora da Ocupação Faixa de Gaza

“Sou do Movimento Periferia Ativa, e aqui fazemos várias lutas pela melhoria do bairro, como a da saúde, energia elétrica e saneamento e temos um jornal que sai todo mês. É difícil, o posto de saúde aqui nem tem médico, por isso agimos em conjunto com o MTST e buscamos a solução para esses problemas. A última luta, foi um ‘Rolezinho’ no Shopping Campo Limpo, onde reunimos a juventude negra da periferia e fomos pra lá. Reunimos cerca de duas mil pessoas e distribuímos pão com mortadela pra rapaziada. Lá estão querendo proibir os jovens menores de 18 de entrar desacompanhados dos pais.” Giodazio Souza Silva, 41 anos,  apoiador da Ocupação Nova Palestina

Ana Rosa Carrara, São Paulo

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