UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Saúde da mulher: alertas na vacinação contra o HPV

Outros Artigos

A partir do dia 10 de março de 2014 a vacina contra o Papiloma Vírus Humano (HPV) será oferecida pelo SUS a meninas de 11 a 13 anos. O HPV é um vírus capaz de infectar a pele e as mucosas, por isso um vírus sexualmente transmissível e que possui mais de 100 tipos circulantes, e sua consequência mais conhecida é o câncer de colo de útero.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) informa que 291 milhões de mulheres no mundo são portadoras da doença (ou seja, mesmo não desenvolvendo os sintomas estão infectadas e transmitem o vírus) e que 270 mil mulheres morrem por ano devido à doença. No Brasil, 5.160 mulheres morreram em 2011 em decorrência desse tipo de câncer.

Diante desses dados alarmantes e das características fundamentais de transmissão do vírus, voltamos nosso olhar para a importância de medidas de investimentos em medicina preventiva e saúde pública, bem como na educação em saúde. A vacinação é uma medida eficaz e podemos considerá-la um avanço para a prevenção do HPV e do câncer de colo de útero entre nós mulheres.

É importante entender que a faixa etária da vacinação deve ser entre 9 e 13 anos, pois nessa  faixa a vacina é eficaz para imunizar as mulheres quando futuramente atingirem a puberdade e a fase adulta.

Em 2014 a vacina será distribuída para meninas de 11 a 13 anos, e em 2015 para meninas de 9 a 13, pois a meta do Ministério da Saúde é vacinar 80% do público-alvo, que atingirá aproximadamente 5,2 milhões de meninas. Dados que mais uma vez emitem um sinal de alerta: por que não estabelecer uma meta para atingir 100% das meninas?

O fato é que, apesar do avanço, quando se avalia sob a ótica da incorporação de mais uma vacina o calendário do SUS, infelizmente, ao observamos a situação sob a ótica das políticas de saúde pública e planejamento do governo, mais uma vez o governo federal opta por uma parceria público-privada para adotar uma medida no Ministério da Saúde.

A vacina será produzida numa parceria firmada entre o Instituto Butantan e o Merck, um dos maiores laboratórios do mundo, que tem como seu objetivo central o lucro e não a vida humana. Será investido R$ 1,1 bilhão na compra de 41 milhões doses da vacina durante cinco anos – período exigido pela indústria para que se transfira a tecnologia ao instituto brasileiro, para que então a vacina passe a ser produzida integralmente no país.

Mais uma vez assistimos à famigerada indústria farmacêutica, juntamente com um governo liberal, impedindo que os avanços da ciência e da tecnologia cheguem a todos e permitam que a saúde seja, de fato, um direito humano universal.

Esperamos que os 80% das meninas que pertencem ao público-alvo sejam imunizadas, e que os avanços tecnológicos e políticos não parem por aí. E que a constante luta dos profissionais que buscam um SUS 100% público e de qualidade continue ganhando força para melhorar a saúde e, consequentemente, a qualidade de vida da população.

Isabela Neves, biomédica
Belo Horizonte

Conheça os livros das edições Manoel Lisboa

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Matérias recentes