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terça-feira, 19 de novembro de 2024

Transformação do antigo DOPS/RJ em espaço de memória da resistência

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Ato em frente ao prédio do DOPS 01Diversas organizações políticas e entidades ligadas aos direitos humanos, como o Coletivo RJ Memória, Verdade e Justiça, a Anistia Internacional, o Fórum de Reparação e Memória do Rio de Janeiro, o Grupo Tortura Nunca Mais, o Levante Popular da Juventude e o PCR (Partido Comunista Revolucionário), lançaram no último dia 13 de dezembro, quando se completou 45 anos da publicação do AI-5, uma campanha pela transformação do prédio do antigo DOPS/RJ em espaço de memória da resistência.

Com o lema “Ocupar a memória para não esquecer a nossa história”, a campanha se soma a antigas iniciativas e ao esforço no mesmo sentido da Comissão Estadual a Verdade (CEV-Rio) e quer ganhar a opinião pública para a necessidade de se construir no local um espaço comprometido com a memória da resistência e das lutas sociais, e que explicite a relação entre as violações cometidas pelo Estado no passado e no presente, estimulando medidas que impeçam a repetição de tais práticas.

“É preciso transformar o prédio em um espaço voltado para as políticas de Direitos Humanos, de modo que seja dinâmico e exclusivo, congregando a produção, guarda e circulação de informações, documentações, acervos, projetos e propostas voltadas ao direito à memória, verdade e justiça”, afirma o manifesto lançado no ato, que aconteceu no Centro Cultural da Justiça Federal, no centro do Rio de Janeiro.

O prédio do antigo Departamento de Ordem Política e Social no Rio de Janeiro foi inaugurado em 1910 como sede da Repartição Central de Polícia. Ao longo dos anos foi local de tortura e ficou conhecido como centro de repressão às manifestações políticas e culturais de caráter popular. Lá foram presos nomes como Olga Benario, Luiz Carlos Prestes, Graciliano Ramos, Carlos Marighella e João Figueiró, atualmente militante do PCR, além de pessoas ligadas à cultura e à religião afro-brasileira.

Hoje, o prédio encontra-se abandonado, com vários documentos importantes literalmente entregues às baratas. A Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, que administra o local, afirma querer criar lá um museu da corporação.

Na cerimônia de posse da Comissão Estadual da Verdade, o governador Sérgio Cabral (PMDB) se comprometeu publicamente a atender a reivindicação de transformar o edifício em centro de memória, mas até agora nenhum passo foi dado nesse sentido por parte do governo.

Diante disso, as entidades e organizações a frente da campanha já preparam uma série de atividades com vistas à conquista do prédio, entre elas uma ocupação cultural do espaço, nos próximos dias 21 e 22 de março, onde pretende-se reunir centenas de ex-presos políticos, familiares de mortos e desaparecidos durante a Ditadura, artistas e militantes dos movimentos sociais do Rio de Janeiro. Essa será apenas uma das muitas atividades que estão sendo organizadas para “descomemorar” o golpe civil-militar de 1964 e reafirmar a necessidade de políticas de não repetição de crimes e violações dos direitos humanos como os cometidos durante a Ditadura e que ainda hoje estão impunes.

Redação Rio

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