O dia 17 de março teve uma manhã quente, e o Metrô de São Paulo sofreu mais uma paralisação que afetou 4 das 5 linhas do metropolitano.
Os problemas começaram por volta das 7h30 e ficamos paralisados por uma hora e meia em vagões abafados. Essas panes acontecem constantemente e afetam milhões de trabalhadores que saem muito cedo de suas casas para irem ao emprego.
Estima-se que diariamente, segundo dados oficiais da Companhia do Metropolitano de São Paulo, 4 milhões de passageiros utilizam este transporte. Quando paralisações como estas acontecem, os principais atingidos são os trabalhardes.
Cresce o descontentamento, cada vez mais visível. Nos vagões, ouvimos: “Aturo isto todo dia pra ganhar o pão”, “E ainda querem construir estádio pra Copa”. Este questionamento da população não é à toa, porque estamos diante de contradições profundas. Como podem gastar toneladas de dinheiro público em obras para aumentar o lucro dos empresários e da FIFA, enquanto a mobilidade urbana e o transporte público retrocedem e decaem cada vez mais?
E mais: não é apenas a realização da Copa da FIFA em nossa cidade que demonstra este fracasso. O governo do PSDB – há 20 anos no Estado – atua em várias facetas. Uma destas foi o recente escândalo do propinoduto tucano, que prejudicou os cofres públicos através de um cartel envolvendo diversas empresas, dentre elas Siemens e Alstom, superfaturando trens e metrôs em 30%. O roubo é de cerca de R$ 425 milhões!
Para Geraldo Alckimin, atual governador do Estado, o problema não está nestes casos corrupção dentro do governo, mas sim no “vandalismo” da população, que indignada com a situação precária do transporte busca subterfúgios e meios de se rebelar, nas palavras do governador. Afinal, no conforto do Palácio do Governo é muito difícil ter consciência do que é passar sufoco num vagão fechado.
Além dos problemas técnicos e a lotação diária, é desorganizado o acesso dos usuários às plataformas, o que acarreta quedas na via. Nesse mesmo dia, uma passageira desmaiou e caiu nos trilhos da estação Guilhermina-Esperança (linha Vermelha – zona Leste da cidade).
Quem também sofre com esta situação são os trabalhadores da Companhia do Me-tropolitano e da CPTM (trens). Para piorar, ainda pagamos uma das tarifas mais caras do país. Com integração com o ônibus (necessário para as regiões mais periféricas), a passagem custa R$ 4,65.
Quando, enfim, o trem andou se anunciou: “Obrigado pela sua compreensão”. Como se fosse possível compreender.
Matheus Nunes, São Paulo