A Energisa é um dos grupos do setor eletricitário que mais cresce no Brasil. Com sede em Cataguases, Minas Gerais, a empresa tem também atuação na Paraíba e em Sergipe. No fim do ano passado, adquiriu o Grupo Rede, do Centro-Oeste. Na Paraíba, a tarifa de energia só cresce. Em contrapartida, o salário pago aos trabalhadores é um dos mais baixos do País, inferior até ao de outras categorias no Estado, como a dos comerciários e a dos trabalhadores da construção civil.
Por tudo isso, a revolta tomou conta dos trabalhadores em todo o Estado, e a paralisação, que teve início em apenas três cidades, tomou a forma de greve geral quando ganhou a adesão de vários municípios do interior paraibano. No dia 8, os trabalhadores de João Pessoa, que são representados por outro sindicato, também aderiram à greve, organizados pelo Movimento Luta de Classes (MLC) e o grupo de oposição à direção pelega, totalizando mais de 2.000 funcionários em greve em toda Paraíba. No período pós-privatização, a empresa ainda não havia enfrentado um movimento grevista desta dimensão.
No fim do dia, a empresa, que durante toda a semana tentou na Justiça conquistar o decreto de ilegalidade da greve, conseguiu uma liminar que exigia do Stiupb o retorno ao trabalho de 70% do efetivo, sob pena de multa diária de R$ 50 mil. Apesar desta posição arbitrária, a decisão judicial não decretou o movimento paredista como ilegal, e a empresa foi obrigada a se reunir novamente com o sindicato.
Completada uma semana de greve, os trabalhadores decidiram pela suspensão do movimento no dia 12, com o compromisso, da parte da empresa, de abonar o ponto dos trabalhadores de todas as cidades onde ocorreu a greve. Uma pauta de reivindicações foi entregue à Energisa por uma comissão de trabalhadores.
Embora a empresa se mantenha irredutível, a disposição de luta da categoria só aumenta e o sentimento dos trabalhadores é de que estão mais fortes. “Essa greve representou um divisor de águas na luta dos eletricitários no Estado. Nada será como antes”, afirmou Wilton Maia, presidente do Stiupb.
Como forma de retaliação, a Energisa demitiu, logo após a suspenção da greve, o companheiro Dráuzio Macedo, membro da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) e uma das lideranças da greve em João Pessoa. As direções do Stiupb, do MLC e da CUT-PB estão movendo uma campanha de denúncias contra esta ação antissindical e não aceitarão nenhuma punição a qualquer integrante da categoria que participou da greve.
Emerson Lira, Campina Grande