No dia 30 de julho circulou na Itália a última edição do jornal l’Unità. Fundado por Antonio Gramsci em 12 de fevereiro de 1924 e órgão oficial do Partido Comunista Italiano, l’Unità passou nos meses anteriores por sua última crise, 90 anos após sua primeira edição.
Fundado apenas um ano depois que Mussolini chegou ao poder na Itália, l’Unità sobreviveu ao período fascista como um jornal clandestino, e então conseguiu se estabelecer na nova república italiana após a Segunda Guerra Mundial. Mesmo quando o Partido Comunista Italiano mudou de nome e o jornal se tornou órfão, l’Unità conseguiu se reestruturar e continuou sua publicação diária.
Na década de 1990 o jornal atravessou outra grande crise, quando o refluxo do movimento socialista no leste europeu não oferecia um ambiente favorável às publicações de esquerda. Ainda assim o jornal seguiu em frente.
Mas dessa vez, no entanto, a situação financeira se tornou insustentável. Vários jornalistas trabalharam sem salários nos últimos três meses. O jornal acumula uma dívida de 20 milhões de libras, segundo o jornal britânico The Independent. Sua última edição teve apenas três páginas impressas, com a seguinte manchete: “Fim da linha. Depois de três meses de batalha, eles conseguiram. Mataram l’Unità.”
Mário Lopes