Os objetivos apontados no ano 2000 pela ONU – Organização das Nações Unidas – na luta contra a fome, miséria e doenças, com previsão para 2015, não cumprirão sua meta, aponta relatório da entidade. E pior: alguns países apresentam, pelo contrário, um aumento no número de pobres e miseráveis.
Segundo Richard Dictus, representante da ONU em Berlim que apresentou o relatório Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, cerca de um quinto dos habitantes dos países ditos em desenvolvimento ainda sobrevive com menos de 1,25 dólares por dia. Cerca de 842 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de fome crônica, e além destes há cerca de 2 bilhões de pessoas com carência de vitaminas e minerais, o que se considera uma “fome oculta”, a qual leva, entre outras coisas, ao raquitismo.
Apenas 64% da humanidade tem acesso a sanitários hoje, e só no ano de 2013 quase 300 mil mulheres morreram durante a gravidez ou parto, muitas não tendo acesso a exames pré-natais. Entre as doenças evitáveis mais comuns entre as crianças estão a pneumonia e a diarreia. Cerca de 162 milhões de crianças sofrem de desnutrição crônica.
Mesmo nas áreas em que a ONU identifica algum avanço, especialistas contestam que de fato haja algum progresso. No caso do suposto progresso global no combate à pobreza, por exemplo, aponta-se que este se dá principalmente devido ao avanço da populosa China nesta área, e não por um desenvolvimento uniforme em todo o mundo. Segundo Barbara Unmüssig, especialista em questões ambientais e de desenvolvimento global da Fundação Heinrich Böll, “se olharmos para a África, então o número de pobres e miseráveis não diminuiu, e sim cresceu.” E isso mesmo no atual cenário de alta produção de matérias-primas que alguns países da África Subsaariana vem apresentando. Para Unmüssig, os Objetivos do Milênio são, em parte, “simplistas”, pois negligenciam relações estruturais fundamentais entre os países industrializados e os países em desenvolvimento.
Glauber Ataide