Dois anos depois da realização da Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorreu na cidade do Rio de Janeiro de 13 a 22 de junho de 2012, da qual participaram líderes dos 193 países que fazem parte da ONU), o mundo ainda sofre com os graves problemas ambientais oriundos da ganância dos capitalistas por mais lucros. À época, a grande imprensa burguesa utilizou seus jornais, rádios, TVs e internet para passar a falsa ideia de que a conferência da ONU resolveria o problema ambiental e os Estados chegariam a um consenso sobre a importância e os processos da Economia Verde, garantiriam o desenvolvimento sustentável do planeta e buscariam formas de eliminar a pobreza, entre outros pontos.
Mais uma vez, como de esperar, a Conferência não chegou a um consenso, e um dos motivos para tal situação foi o boicote realizado pelas grandes potências capitalistas (Estados Unidos, China e Alemanha). De fato, a Rio+20 ocorreu num período de forte crise econômica na Europa, e os capitalistas não desejavam frear suas metas de exploração da natureza em prol do bem-estar da humanidade. Como muito bem disse Frei Betto, ao avaliar o encontro, “A Rio +20 propôs aos governos, via G-77 [grupo dos países menos desenvolvidos], criarem um fundo de US$ 30 bilhões para financiar iniciativas de sustentabilidade em seus países. A proposta não foi aprovada. Ninguém mexeu no bolso. Isso uma semana depois de o G-20, no México, destinar US$ 456 bilhões para tentar sanar a crise na Zona do Euro. Não falta dinheiro para salvar bancos. Para salvar a humanidade e a natureza, nem um tostão”.
Agora, no primeiro semestre de 2014, mais um dado veio comprovar que a humanidade caminha a passos largos para um situação de barbárie. A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou que cerca de sete milhões de pessoas morrem por ano, no mundo, em virtude da poluição. Conforme essas estatísticas, uma em cada oito mortes ao redor do planeta está relacionada à contaminação do ar, seja dentro ou fora de casa.
Segundo a agência sanitária da ONU, a poluição do ar tornou-se agora o maior risco para a saúde dos seres humanos, causado por pequenas partículas que se infiltram nos pulmões, resultando em irritações, doenças cardiovasculares, problemas crônicos e câncer. Em 2008, o mesmo estudo da OMS apontava 3,5 milhões de mortes, o que significa que, em seis anos, o número de mortes dobrou.
Os estudos revelaram que dos sete milhões de mortes, 3,7 milhões são resultantes da poluição externa, causadas principalmente por ataques cardíacos (40%) e derrames (40%). Mais uma vez, os pobres são as vítimas. Mesmo com muitos ecologistas não querendo enxergar o problema pela sua raiz, ou seja, pela grande concentração da riqueza gerada por uma classe, a burguesia, em detrimento classe trabalhadora, gerando uma profunda desigualdade social, os números são factuais. Desses óbitos, 88% ocorreram em países de baixa e média renda, que representam 82% da população mundial.
Já nos lares, a poluição interna é oriunda principalmente da combustão na hora de cozinhar com lenha e carvão. Na África Subsaariana, uma das regiões mais pobres do mundo, entre 70% e 90% da energia provém da lenha. Na Ásia, esse número está na faixa de 80% para as populações rurais e 20% em áreas urbanas. No mundo, cerca de 2,4 bilhões de pessoas utilizam a biomassa (energia extraída da lenha). Neste caso, as principais complicações de saúde oriundas dessa poluição são os derrames, que representam 34% das mortes, e os ataques cardíacos (26%).
Até mesmo a Nasa (a Agência Nacional do Espaço e da Aeronáutica, dos EUA), que responde pela pesquisa, desenvolvimento de tecnologias e programas de exploração espacial, apontou, em estudo publicado em março de 2014 no jornal científico norte-americano Elsevier Ecological Economics, que as civilizações, tais como as conhecemos hoje, poderiam desaparecer nas próximas décadas em virtude da má gestão de recursos naturais e de uma má repartição das riquezas, isto é, do alto índice de desigualdade econômica mundial.
Segundo os pesquisadores, há uma necessidade urgente de “reduzir as desigualdades econômicas a fim de garantir uma distribuição mais justa dos recursos, apoiando-se sobre fontes renováveis menos agressivas e diminuindo o crescimento populacional”.
O debate sobre a degradação ambiental promovida pelo sistema capitalista ganha cada vez mais espaço na sociedade. Em setembro de 2013, o filme Elysium, escrito e dirigido por Neill Blomkamp, retratou o mundo no ano de 2159, quando os pobres habitavam a Terra, vivendo em condições desumanas e cercados de doenças, e os ricos morariam em Elysium, desfrutando de uma vida luxuosa, com inúmeras tecnologias ao seu alcance, inclusive para prevenir-se e curar-se de enfermidades.
Esse mundo fictício criado no filme para o ano de 2159, infelizmente já existe. Os ricos vivem em verdadeiros castelos, numa vida confortável, tendo os melhores médicos, hospitais e cientistas à sua disposição, enquanto os pobres morrem nas filas dos hospitais à espera de consultas médicas, sem remédios, vivendo na miséria e reprimidos pelo Estado quando buscam os seus direitos.
Logo, diante dos fatos expostos, a classe operária, os jovens, camponeses e todos aqueles que estão sob o jugo da exploração capitalista têm uma tarefa histórica: salvar o mundo da barbárie e da destruição. Para isso, nosso dever é a defesa do meio ambiente e da natureza, proibindo a destruição de florestas e ecossistemas e estabelecendo o controle e apropriação popular dos meios de produção (terras, máquinas, ferramentas, transportes etc.). Esta é a via revolucionária, da verdadeira transformação.
Redação CE