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segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Vagão Rosa torna a vítima de assédio culpada

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vagao rosaO chamado “Vagão Rosa”, aprovado em São Paulo no último dia 4 de julho, tem sido motivo de polêmica entre os usuários do transporte público de todo o Brasil. A discussão não é nova, mas foi reacendida depois que a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo se posicionou a favor da medida.

Os constantes abusos sofridos pelas mulheres dentro de ônibus e vagões do metrô são a principal justificativa para que haja um vagão de uso exclusivo feminino, o “Vagão Rosa”. Mas a ideia, ao contrário do que se vende, é um retrocesso na luta por direitos iguais, pois reafirma diversos estereótipos de gênero existentes na sociedade.

O “Vagão Rosa” é uma forma explícita de segregação da mulher, de retirá-la dos espaços comuns. Reforça o discurso de que elas e eles não podem ocupar o mesmo espaço na sociedade, fortalecendo o conceito de que o ambiente público não foi feito para as mulheres, mas somente o espaço privado, dentro de suas casas, realizando os serviços que a elas caberia fazer.

Colocar a mulher em um delimitado espaço físico para, supostamente, protegê-la do seu agressor é o mesmo que dizer que ela é o perigo, que ela é a culpada principal pela violência sofrida e não quem a ataca. Por isso, o sexo feminino, sempre culpado, tem de ser separado para o bem geral. Condena-se a vítima e deixa-se impune o criminoso.

Reservar um vagão, ônibus, ou o que seja para que as mulheres não reclamem mais do assédio sofrido no dia a dia, trata-se, na verdade, de um atentado contra o direito de ir e vir e não é, nem de perto, solução para o problema vivido, que é muito mais extenso.

Realizar campanhas de conscientização, principalmente no sentido de se quebrar o modelo da mulher objeto de consumo, assim como capacitar melhor os seguranças, seria uma alternativa bem mais eficiente e humana do que simplesmente separar homens e mulheres, reforçando o imaginário da desigualdade e inferioridade feminina perante o ser masculino.

Izabella Sales, Belo Horizonte

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2 COMENTÁRIOS

  1. Além de confinar quem na verdade é maioria no mercado de trabalho, as mulheres nos outros vagões ficam em minoria e mais vulneráveis ainda ao assédio. Conclusão: Tiro pela culatra. O vagão rosa é defendido por quem… não usa metrô. KKKKK Ridículo, podre e medieval…

  2. Absurdo total, são três coisas aí: a) discriminação contra a mulher, lembrando ações medievais ou então a barbárie nazista, confinando-as; b) o poder dominante passa recibo de incompetência, já que não pune os assediadores; e c) não ataca o problema principal, que é a conscientização para este espetáculo criminoso que é o assédio físico e moral.

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