Há mais de 500 anos as terras do Brasil são vítimas de enorme espoliação. Após a chegada dos europeus, o país serve para enriquecer os maiores impérios do mundo. O suor dos trabalhadores se transforma em lucro para multimilionários da França, da Itália, da Inglaterra e principalmente dos EUA. Ainda assim, as Forças Armadas insistem em comemorar a dita independência do Brasil. O Sete de Setembro de 1822 propagado pela imprensa dos ricos, na verdade, é uma farsa, pois, a título de independência política e econômica pouca coisa mudou.
Do fim da primeira metade do século XVI até o fim do século XVII, o Brasil foi palco da maior exploração de açúcar do mundo. Com a exploração da mão de obra escrava, Portugal arrancou das terras brasileiras enormes riquezas por pouco mais de um século, fruto da empresa agrícola instalada no Brasil que tinha apoio fundamental nas refinarias holandesas. Em virtude das disputas territoriais entre Portugal e Espanha e da saída dos holandeses do esquema comercial feito com o açúcar luso-americano, o Estado português sofreu uma profunda debilidade econômica, política e militar – é aí que o ouro brasileiro e a Inglaterra vêm tirar a Coroa lusitana do fundo do poço. Mas o preço foi muito alto.
Em troca da sobrevivência da economia portuguesa, o ouro brasileiro foi todo para o bolso dos ingleses, fruto de um tratado conhecido como Tratado de Methuen. “Segundo as fontes britânicas, a entrada de ouro brasileiro alcançava 50 mil libras por semana em alguns períodos. Sem esta tremenda acumulação de reservas metálicas, a Inglaterra não teria podido enfrentar, posteriormente, Napoleão”. (Eduardo Galeano, As veias abertas da América Latina).
Em 1807, tendo o conquistador francês Napoleão Bonaparte invadido Portugal, a família real portuguesa se muda para o Brasil sob a proteção da Inglaterra, transferindo para a colônia os poderes de decisão sobre o comércio e a economia. É assim que, em 1810, são assinados tratados que entregavam o comércio brasileiro aos ingleses. O capitalismo inglês passa a gozar de privilégios comerciais e taxas alfandegárias no Brasil até 1842, o que prova que, mesmo após a dita independência, em 1822, a economia do País continuou subordinada ao estrangeiro. A própria Inglaterra só reconhece a “independência” do Brasil mediante a renovação dos tratados de 1810.
Após o fim do tratado com os ingleses, nosso país passa a ter relações com os EUA (em virtude do fortalecimento da produção do café). Até hoje, os EUA atuam como um verdadeiro colonizador. Das 500 maiores empresas estadunidenses, 405 estão presentes no Brasil. A verdade é que a falsa visão de independência expressa nas comemorações do Sete de Setembro visam a esconder que ainda hoje a nação brasileira sofre imensa espoliação. Entre 2002 e 2012, foram remetidos ao exterior, em forma de lucro e dividendos, mais de US$ 240 bilhões; só em 2012, foram US$ 27 bilhões!
O objetivo dos festejos do dia 7 de setembro não é senão uma tentativa dos opressores de inculcar nas pessoas uma sensação de liberdade, quando, na verdade, estamos sendo explorados. Compreender a história da pilhagem que sofreu e sofre o povo brasileiro é fundamental para todas as pessoas, para identificarmos no imperialismo a causa dos males mais cotidianos que sofremos. Mais do que isso, devemos apontar a solidariedade entre os povos e o governo revolucionário dos trabalhadores como contraponto às guerras de rapina e ao controle a que as potências imperialistas submetem os países pobres do mundo.
Daniel Victor Ferreira, Recife