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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Pedro Laurentino lança livro: “As trincheiras do silêncio”

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pedrolaurentinofoto“As trincheiras do silêncio”, quarto livro de Pedro Laurentino, sindicalista piauiense, nos apresenta uma poesia combatente, militante, viva. Tão atual quanto o desejo de mudar o mundo presente nas manifestações de junho de 2013 ou ao redor do mundo, como estamos vendo. Os dois primeiros livros de Pedro foram escritos em prosa, logo após ele envereda pela poesia, com o livro “Do que sei do Mundo”, onde já demonstra suas qualidades de “poeta preocupado com o mundo”. Porém, em suas Trincheiras, Pedro não nos apresenta uma continuação de seu 3º livro, e sim nos brinda com uma poética ainda mais completa.

Tomada de consciência pautada na luta de classes cotidiana, detalhada e observada nos mínimos detalhes da vida, que só o poeta que milita consegue extrair, perceber, transmitir. Assim é a poética de Pedro, que mesmo quando fala sobre o amor, o lazer com os amigos num sábado de futebol ou o time da Várzea, nos apresenta com um lirismo daqueles que vivem de perto as delícias, agruras e privações dessa nossa sociedade decadente e tão carente de poesia.

Em todo seu livro notamos a preocupação do autor em escrever algo real, natural, concreto. Podemos dizer que os poemas de Pedro têm público e endereço certo: quando exalta algum acontecimento lembra-se de Canudos e sua inspiração é o Abaixo-assinado,o operário na pedreira, o vigia que não dorme para proteger o sono alheio, os vulgos, o vendedor de queijo, o entregador de papéis, a mulher lutadora, brasileira, e a vida da gente.

É preciso salientar as origens desse poeta do Piauí, que militou no movimento estudantil desde cedo, contribuiu para a reconstrução do movimento estudantil em Pernambuco depois no fim da ditadura, período confuso, defendeu o povo no parlamento, militando até hoje e tudo isso sem deixar de viver e fazer poesia.

Ao perguntar sobre essa sua militância poética e política, mesmo durante a ditadura militar, Pedro, poeta, modesto, nos respondeu: “O verdadeiro poema era a luta contra a ditadura. Levantar a bandeira da liberdade, acender os corações para a luta, despertar o ódio contra o fascismo e o amor pela justiça. A poesia está nos olhos de quem vê a matéria prima da vida com toda a magia que ela nos oferece. Além do que, como já disse o poeta, a vida é amiga da arte e a poesia é companheira da luta. Vivemos, lutamos, amamos e sorrimos melhor se temos a poesia ao nosso lado, nos fazendo companhia. A poesia é a minha nova trincheira de luta para me fazer mais merecedor da vida e de tudo o que ela nos oferece”.

O livro “As Trincheiras do Silêncio” foi lançado em 2014, ano que se completaram os 50 anos do golpe militar de 64, e represente uma enorme contribuição no resgate da poesia de resistência feita no Brasil, após os 21 anos de ditadura que dizimou nossa cultura e deixou o país mergulhado em tristezas e sem poesias. “As Trincheiras do Silêncio” é um bom livro e uma boa leitura.

Cloves Silva, estudante de Letras da UFRPE, militante da UJR-PE.

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