Nos últimos anos, um grande sentimento de mudança cresceu na consciência do nosso povo, uma onda de otimismo que tem levado as massas exploradas dos quatro cantos do país a se levantarem contra as injustiças sociais. Milhões acreditando que não se pode mais continuar vivendo sob a batuta dos ricos empresários e seus monopólios. Mas como realizar essas mudanças tão esperadas e transformar todo esse sentimento que contagiou os corações brasileiros em realidade? Como viver essa primavera no Brasil? Como derrotar os responsáveis pelas duras injustiças vividas pela população trabalhadora?
Lênin nos responde: “Deem-nos uma organização de revolucionários e revolucionaremos o mundo”. Ao afirmar isso, em 1903, o grande revolucionário russo nos ensinou uma lição que está mais atual do que nunca. Essa organização se mantém e se desenvolve com o apoio das amplas massas e com sua profunda confiança, resultado de uma relação umbilical com ela. O caminho é claro: sentir como seu o descontentamento e transformar todo esse grau de insatisfação em mobilização contra seus inimigos de classe. Tal organização deve estar municiada pelo mais poderoso instrumento teórico do proletariado, o marxismo-leninismo.
No Brasil, há 48 anos, construímos esse instrumento, o Partido Comunista Revolucionário (PCR). Mesmo com a tortura, assassinatos e perseguições, conseguimos resistir e mantivemos a bandeira erguida. Agora, nesta etapa histórica, para vencer em definitivo a classe dos capitalistas e implantar o socialismo, é preciso vencer nossas dificuldades e encarar o desafio de multiplicar as fileiras comunistas.
Assim, como aceitar que nossa organização, vanguarda da massa sedenta por mudanças, não consiga crescer? Como se explica que milhares adquiram uma nova consciência e não encontrem no PCR seu porto seguro? Como não se entusiasmar diante de uma situação tão favorável para as mudanças?
A verdade é que ainda duvidamos se é o nosso partido o motor dessas transformações. Insistimos em criar empecilhos para esse salto à frente, não confiamos em nossa própria força para modificarmos a realidade e transferimos nossa responsabilidade para terceiros, quando, pelo contrário, somos nós os catalisadores de uma revolução política no Brasil. Somos tomados pelo desânimo porque esquecemos a dura vida da classe operária, todo seu heroísmo cotidiano, nos desligamos dela, supervalorizamos nossos desejos e vontades individuais. Queremos muito destaque no nosso trabalho e nos esquecemos de que a labuta que constrói toda a sociedade é resultado da união de milhões de simples mãos calejadas.
Deixamos a rotina resultante da luta concorrencial imposta pela burguesia ganhar terreno nas nossas mentes. Fazemos as mesmas coisas como se não tivessem sentido, sem perspectivas. E por quê? Pelo fato de abandonarmos um princípio profundamente revolucionário, a autocrítica. Não aprofundamos o conhecimento teórico da nossa ação, e, assim, nossa ação parece vazia, improdutiva. Nos sentimos já prontos e acabados e deixamos de lado nossa incessante busca por sermos seres humanos mais humildes, característica que diferencia, por princípio, nossa classe da burguesia.
O fato é que, para sermos o principal instrumento transformador deste país, necessitamos combater a arrogância e o individualismo, que, em geral, turvam nossa consciência. Precisamos nos colocar a serviço dessa revolução, retirando quaisquer condições que impeçam seu crescimento. É preciso conhecer mais a fundo o marxismo-leninismo, núcleo científico e orientador da nossa ação, fundir esta teoria com a vida das massas exploradas. É urgente extinguir todas as amarras da ideologia dominante ainda presentes no nosso Partido e torná-lo, assim, um centro de atração das classes trabalhadoras.
Por fim, nosso compromisso se renova quando assumimos a condição de militante consciente, comunista ativo, dono da própria vida, elo entre a ideologia comunista e a classe que defendemos. Nossa empolgação e entusiasmo renascem quando nos colocamos a serviço da transformação social sem pedirmos nada em troca, sem procurarmos as causas dos nossos erros nos erros de outros companheiros ou companheiras.
Somos os senhores do mundo, somos os proletários. Por isso, revolucionemos a nossa vida cotidiana e revolucionaremos o Brasil.
Serley Leal, Fortaleza