Cerca de 20 mil pessoas participaram de um protesto contra a inauguração da nova sede do Banco Central Europeu (BCE) em Frankfurt, na Alemanha, na última quarta-feira (18). O ato foi convocado pelo movimento anticapitalista Blockupy, que agrega cerca de 90 organizações.
Enquanto a Grécia e todo o sul da europa encontram-se sufocados pelas medidas de austeridade da troika – da qual o BCE faz parte – e mais de 6 milhões de espanhóis não possuem emprego, os novos prédios do BCE custaram a bagatela de 1,3 bilhão de euros, o que gerou grande indignação popular.
A manifestação foi marcada pela violência policial, que usou bombas de gás lacrimogêneo, canhões d’água e spray de pimenta contra os manifestantes. Em resposta, automóveis foram incendiados, policiais agredidos e diversas barricadas foram espalhadas. Cerca de 350 manifestantes foram presos e 200 ficaram feridos. Dentre as forças da repressão cerca de 88 policiais também se feriram, sendo que a maioria desses apenas passou mal ao ingerir o próprio gás lacrimogêneo.
Em entrevista ao jornal alemão Neues Deutschland, Martin Schmalzbauer, um dos líderes do movimento, disse que a manifestação fez história, pois “no dia da Comuna de Paris (18 de março), um movimento forte, contra a política de austeridade e por uma Europa solidária foi às ruas e exatamente na Alemanha, a força principal dessas medidas de austeridade.”
O ato foi boicotado por grande parte da imprensa, que preferiu cobrir a “violência” do protesto ao invés de abordar suas pautas. Christoph Kleine, ativista do Blockupy, ressaltou: “Quando falamos sobre violência, devemos falar antes de tudo sobre a mortal e existencial violência contra as pessoas na Grécia. E devemos falar sobre a violência policial, sobre o uso massivo de granadas de gás lacrimogêneo e canhões d’água.”
Glauber Ataide