Reproduzimos abaixo a nota da Unidade Popular Revolucionária Aintiimperialista – UPRA da Venezuela, frente aos últimos acontecimentos políticos no país e às manifestações populares do dia 28 de fevereiro. A UPRA é uma frente política que reúne várias organizações da esquerda revolucionária venezuelana que defendem o aprofundamento do processo de transformação política no país para enfrentar a crise atual.
As políticas neoliberais, privatizadoras e antipopulares do presidente então no cargo em 1988, Carlos Andrés Perez, correspondiam às chamadas políticas de choque, previstas no VIII plano da nação e na base do acordo de Puntofijo de substituição das importações, promovidas pelo Fundo Monetário Internacional e pelo Banco Mundial para aumentar os lucros dos grandes monopólios, apropriando-se das riquezas dos países e aprofundando a exploração sobre os trabalhadores.
Tais medidas ocasionaram a chamada década perdida, aprofundando a fome, a pobreza e a opressão ao povo, levando a Venezuela a uma explosão social que foi reprimida a sangue e fogo pelas forças militares daquela época, dirigidas pelo ministro da defesa Ítalo del Valle Aliegro, que executou o assassinato de milhares de pessoas em todo o país, mas especialmente aos setores populares da cidade de Caracas, onde os protestos foram mais firmes e a repressão mais violenta.
A insurreição popular de 27 e 28 de fevereiro foi protagonizada pelo movimento popular com um alto grau de espontaneidade em seu desenvolvimento e baseada na força do instinto de classe. Representou um acúmulo de reclamações, protestos, insurreições e lutas que vinham acontecendo desde décadas atrás mas que emergiram com novos brios em 1985 lideradas, principalmente, pelo movimento estudantil, que sustentou temporariamente a vanguarda revolucionária sem ter as condições organizativas nem ideológicas para dirigir a rebelião popular.
Os partidos revolucionários da época não foram capazes de assumir a direção desse processo insurrecional que também ultrapassou suas capacidades. Dessa maneira, as massas ficaram sem direção, à deriva para um enfrentamento de classes de caráter totalmente desigual. Isso significou numerosos reveses. Houve a perda de confiança em algumas organizações que pretendiam falar de insurreição, de luta armada, mas que ao ter em sua frente um povo com disposição de combate e um exército criminoso não puderam dirigir de forma organizada suas operações militares. Isso significou a bancarrota de um esquerda que perdeu a confiança do povo, que necessitava nesse momento de uma direção firme, preparada e organizada para levar adiante uma ação insurrecional triunfante.
Esta insurreição popular foi o prelúdio das ações de 4 de fevereiro e 27 de janeiro de 1992, datas nas quais o setor honesto das Forças Armadas Nacionais decidiu assumir a resposta que alguns partidos revolucionários e o movimento revolucionário atomizado não podia dirigir. A confluência de um povo em busca de seu destino, de alguns partidos em bancarrota, e de um movimento cívico-militar patriota disposto a lutar para mudar o rumo do país para um destino melhor produziu o movimento “Por Ahora” que unificou a todos sob a liderança de Hugo Chávez Frías, produto de uma realidade social e de uma nova situação no cenário político e militar da Venezuela.
Ainda que não tenha sido ainda analisado com toda a profundidade que se requer, o “caracazo” significou na Venezuela algo similar ao que significou o domingo sangrento na Rússia. Foi o primeiro golpe nas estruturas carcomidas da velha sociedade e o violento nascimento de uma outra. Nesta data, apenas se apresentavam os primeiros sintomas de um parto que ainda não terminou, por que nas ruas de nossas cidades hoje em dia, como naquela época o povo combatia para sair do desastre do acordo de “Puntofijo”, hoje nos preparamos para combater para que os reacionários de estirpe fascista não nos levem para um massacre, não abram as portas do cavalo de Troia do imperialismo e para garantir o avanço popular rumo a uma república democrática, revolucionária e no caminho do socialismo.
Toda uma história de luta e combate, que na década de 90 se expressa com força nas múltiplas e diversas manifestações de protesto, as batalhas de rua lideradas pelo movimento estudantil, nos bairros, ente os camponeses, os trabalhadores em luta contra o neoliberalismo, a corrupção, a decadência, a miséria e a impossibilidade de uma vida digna. Como resultado dessa luta o povo logrou pressionar para levar a julgamento por infâmia, destituindo e aprisionando o presidente Carlos Andrés Pérez, máximo representante da ditadura neoliberal. Posteriormente, frente à tentativa de reacomodação do sistema decadente, setores importante do povo não caíram no engano. Continuaram a luta e a esperança de mudança se converteu em consciência e ação política do povo que decidiu mudar até alcançar a vitória eleitoral de 1998, acompanhando ao militar rebelde na promessa de refundar a república.
Os dias de 27 e 28 de fevereiro são datas de luta. Em 1989 foi para expressar o descontentamento do povo com um governo autoritário, burguês e pró-imperialista. Agora, em 2015, é o descontentamento da burguesai conta um governo que luta para satisfazer as necessidades das maiorias que precisa ser enfrentado, maiorias que se preparam para o combate que levará a derrota a essa oligarquia corrupta e exploradora, que quer conhecer o verdadeiro sabor de uma insurreição popular com consciência e direção.
Resgatamos e reivindicamos agora, mais que nunca, a pertinência histórica da consigna “TODO PODER PARA O POVO” como guia e sobre tudo para a possibilidade de futuro.
A força do povo foi decisiva para as mudanças e transformações produzidas nos diferentes momentos históricos. É graças a força do povo, da classe operária, dos camponeses, mulheres e demais setores historicamente oprimidos e explorados que hoje temos mais de uma década e meia em um processo amplo, democrático, aintiimperialista, progressista, como é o processo bolivariano.
Hoje, a luta de classes em nosso país está mais aguda. Por um lado, a uma pequena minoria, a burguesia, que tentar girar para trás a roda da história, querendo reconquistar o poder pela via da violência reacionária e, de outro lado, uma grande maioria que aposta na revolução proletária para concretizar essa bela esperança: a sociedade socialista. Essa esperança sempre esteve presente nas maiorias exploradas e oprimidas de nosso povo.
Defenderemos em todos os terreno e frentes de luta as conquistas até agora obtidas e as que estão por conquistar. Lutamos para avançar em melhores condições à sociedade superior, à sociedade socialista.
PELA UNIDADE DO MOVIMENTO POPULAR REVOLUCIONÁRIO, CONTRA A INGERÊNCIA IMPERIALISTA E PELA AUTODETERMINAÇÃO DE NOSSO POVO!
Caracas, 26 de fevereiro de 2015.
Unidade Popular Revolucionária Antiimperialista – UPRA Venezuela.
A situação no Brazil é diferente! Mas o objetivo do fmi e do bm é facilitar as cousas para a burguesia internacional que quer abraçar o mundo com as pernas. E o povo, aqui não tem consciência disso! Aliás, a burguesia internacional, vendo de longe, que seus sátrapas perderiam as eleições de 2018, trataram de pulverizar o partido que poderia estar no poder por mais uma vitória eleitoral. Os sátrapas deram um tiro no pé! E agora? Ganhamos a presidência sem precisar de eleição, sem a ajuda militar! “É o verdadeiro milagre brasileiro!” Agora ? Vamos esperar instruções do Trump! O povo nem sabe quem é tal cidadão nem se ele torce pelo Flamengo! Timão!
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