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terça-feira, 15 de outubro de 2024

200 mil fumantes morrem por ano no Brasil

cigarroO cigarro é o produto legal mais vendido em nosso país e no mundo. Ao todo, quatro mil substâncias químicas – algumas delas como acetona, arsênico, butano, monóxido de carbono e cianido – se somam às 43 substâncias comprovadamente cancerígenas. Isso faz com que. no mundo, três milhões de pessoas por ano, seis por minuto, morram por causa do fumo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A OMS prevê que, se nada for feito, em 2020 o vício do cigarro levará mais de 10 milhões de pessoas à morte, por ano. No Brasil, mais de 300 pessoas morrem por dia em consequência do hábito de fumar.  Os dados mostraram, também, que 82% dos casos de câncer de pulmão no Brasil são causados pelo fumo e 83% dos tumores de laringe estão relacionados ao tabagismo.

Outro levantamento divulgado pela organização não governamental Aliança do Controle do Tabagismo (ACT), informa que o Brasil gastou mais de R$ 20 bilhões para tratar doenças relacionadas ao tabaco. O valor equivale a cerca de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do País e estima-se que corresponda ao dobro do que se arrecada com impostos sobre cigarros.

Apesar de a maioria dos males causados pelo fumo afetarem o sistema respiratório,  o tabagismo pode atingir outras partes do corpo,  sendo responsável por muitos casos de câncer de bexiga, boca, língua, laringe, problemas de fertilidade e derrame cerebral. Segundo a ACT, cerca de 13% dos casos de câncer de colo do útero e 17% das ocorrências de leucemia mieloide estão relacionados ao tabagismo.

Mesmo com o índice elevado de óbitos e com todos os estudos apontando os malefícios do cigarro, ainda há 1,2 bilhão de fumantes em todo o mundo. No Brasil, o Ministério calcula que 22,4% das pessoas fumem.

Como sair da dependência

O Sistema Único de Saúde (SUS) e o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) oferecem todo o tratamento gratuitamente, com os remédios e o acompanhamento médico e psicológico. A medicina traz vários tipos de tratamento, desde terapias e antidepressivos até chicletes e adesivos de nicotina. Algumas dessas alternativas se baseiam na reposição de nicotina. O fumante é poupado dos efeitos da interrupção repentina do hábito, como a irritabilidade. Então, se oferece ao corpo a nicotina, mas em doses menores até que ele dispense a substância, como é o caso do chiclete e do adesivo de nicotina. Há outros tratamentos que usam antidepressivos, com bupropriona ou BUP, que dá uma sensação de prazer, substituindo a sensação dada através do uso do cigarro.

Muitos ex-fumantes afirmam a que a sua qualidade de vida tornou-se 100% melhor depois de largarem o vício, além de aumentar a própria expectativa de vida.

A indústria do cigarro

Os principais monopólios desse mercado são chamados de “Big Six” (Seis Grandes). A China National Tobacco Corporation (a maior parte dos cigarros do mundo é produzida na China, que controla cerca 43% do mercado global); a Philip Morris, da marca Marlboro; a British American Tobacco; a Japan Tobacco International, a Imperial Tobacco e a Altadis.

Em 2010, a rentabilidade do tabagismo estava ao redor de 346,2 bilhões de dólares, para um lucro líquido de 35,1 bilhões.

Mas manter essa indústria da morte não é tão fácil. Os fabricantes de cigarros têm a consciência de que a nicotina gera dependência ao consumidor e, por isso, utilizam a propaganda como uma das suas armas para aumentar suas vendas, em particular ao público jovem (pesquisas revelam que nesta fase da vida começa-se a fumar e a grande maioria serão fumantes na vida adulta).

O maço de cigarros está carregado de várias mensagens subliminares, tais como um passaporte para o mundo adulto, para o sucesso, para o glamour, para a sensualidade, para desestressar e para a liberdade. Uma pura ilusão, pois este passaporte levará o usuário para dependência e, consequentemente, para doenças que podem levar até ao óbito.

As mulheres atualmente representam a cereja do bolo desse mercado. Com mensagens de prosperidade e a liberação, os cigarros vendidos ao público feminino vêm com design especial: são mais longos, finos, perfumados e com baixo teor de nicotina. E ainda dizem que ajudam as mulheres a não engordar. Os anúncios de cigarro na Ásia apresentam modelos orientais, jovens e chiques, elegante e sedutoramente vestidas no estilo ocidental.

Esta tal propaganda da “liberação” feminina fez o número de vítimas de câncer de pulmão, entre as mulheres, duplicar nos últimos 20 anos na Grã-Bretanha, no Japão, na Noruega, na Polônia e na Suécia. Nos Estados Unidos e no Canadá, os índices aumentaram 300%.

A grande maioria desses consumidores são trabalhadores, jovens e mulheres, que gastam mais de 30% dos seus salários para manter o vício. As várias leis que proíbem a propaganda na TV e no rádio, assim como o fumo em locais públicos, possibilitaram a diminuição do número de fumantes, mas infelizmente essa redução ainda é muito insignificante se comparada ao número de pessoas que morrem anualmente.

É importante entender que, quando você comprar um maço de cigarros, por estar viciado em cigarros, você estará sustentando uma rede de monopólios nacionais e internacionais que  vivem da sua dependência química para manter seus enormes lucros. Eles são como vampiros, ou, em outras palavras, seus clientes morrem a cada dia, e a cada dia eles estão seduzindo novos clientes. É assim que funciona o sistema.

Claudiane Lopes, Fortaleza

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