Na manhã do dia 22 de abril houve, em Belo Horizonte, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, uma audiência pública convocada pela comissão de direitos humanos para discutir a repressão ocorrida durante um ato da Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas da Grande BH (AMES-BH) dentro da escola, Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG) no dia 26 de março na jornada de lutas Edson Luís. A mesa foi composta por representantes da Comissão de Direitos Humanos, Secretaria da Educação de Minas Gerais, Direção do IEMG, Polícia Militar de Minas Gerais, AMES-BH, Grêmio do IEMG e UNE.
A manifestação feita no dia 26 de março foi em prol da memória do estudante Edson Luiz, morto no período da Ditadura Militar, mais investimento na educação, melhoria da estrutura e mais democracia para o movimento estudantil dentro da escola. No decorrer do ato a diretoria do IEMG acionou a Polícia Militar para intervir. Após a chegada da PM o ato pacífico que estava ocorrendo na escola foi reprimido. Em momento algum a PM propiciou o diálogo com os manifestantes e agrediu três estudantes, Mariana Ferreira (coordenadora geral da AMES-BH), Marcelle Rocha e Taynara Moraes (alunas da escola), prendendo-as em seguida junto com dois estudantes, João Maia (presidente do Grêmio do IEMG) e Gabriel Villar (membro do Grêmio do CEFET-MG-BH), e a mãe de uma das estudantes agredidas.
Durante a audiência o diretor do IEMG, presente na mesa, argumentou que sempre houve diálogo entre o Movimento Estudantil e a direção, entretanto, esta segue uma orientação feita pelo último governo do estado (PSDB) na qual restringe a entrada do Movimento Estudantil nas escolas estaduais. Segundo a AMES-BH, a diretoria dificulta o diálogo com os estudantes e reprimi o Movimento Estudantil, a pouca voz que os estudantes possuem atualmente dentro da escola foi conquistada com muita luta dos estudantes em conjunto com a AMES-BH.
Os alunos do IEMG junto a AMES-BH exibiram vídeos para o plenário que relatam as agressões cometidas, mostrando que a PM está totalmente despreparada para lidar com estudantes. Sendo ressaltado pela Idalina Franco, superintendente da metropolitana A, que a PM não deve entrar na escola para resolver problemas escolares, educação não é caso de Polícia.
Os representantes da PM alegaram que o uso da força e as agressões cometidas foram legítimos, pois objetivavam o “estabelecimento da ordem”, e serão apuradas as denúncias feitas para analisar se houve abuso de autoridade. Em contrapartida os estudantes esperam esclarecimentos a respeito do “estabelecimento da ordem”, onde reprime violentamente o Movimento Estudantil e impede que os estudantes exerçam seus direitos e, mais uma vez, sejam reprimidos por tentarem conquistar voz na sociedade.
“Se a educação sozinha, não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.” – Paulo Freire.
Gabriel Villar é do grêmio do Cefet e militante da UJR