Mais nova ocupação do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), em Belo Horizonte, resiste à tentativa de despejo da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG). Esses primeiros dias estão sendo de muita resistência e combatividade das famílias.
Logo nas primeiras horas da manhã desse domingo, 31 de maio de 2015, os moradores da Ocupação Paulo Freire enfrentaram a ação da PMMG em sua tentativa de despejar a comunidade. Foram momentos de muita tensão, mas que foram contornados inicialmente com o trabalho de uma comissão composta por membros da coordenação, do MLB e pelos advogados Cintia Melo e Thales Viotti.
Além de várias viaturas, o Batalhão de Choque também esteve presente. O Comando da PMMG disse que vai aguardar as medidas judiciais de reintegração de posse, que podem ocorrer a qualquer instante. Um suposto proprietário do terreno apareceu, mas não conseguiu apresentar documentos comprovando ser proprietário da área. Essa é uma situação muito comum na região, já que grilagem é uma prática recorrente, pois as áreas pertenciam anteriormente à Codemig – Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais, que, ao que tudo indica, repassou os terrenos para vários proprietários privados em troca da construção de empresas para compor o chamado Distrito Industrial do Vale do Jatobá.
Porém, a maioria desses proprietários que receberam essas áreas não constrói nada há mais de 20 anos e segue especulando, enriquecendo ilicitamente, sendo que os terrenos vão passando de mão em mão, sem cumprir nenhuma função social.
O resultado é que em menos de 10 anos surgiram várias ocupações. Entre as principais estão Eliana Silva, Camilo Torres, Irmã Dorothy, Nelson Mandela e, recentemente, a Ocupação Paulo Freire.
Diante desses fatos e da ameaça de uma dura repressão policial para tirar as famílias do local, as lideranças do MLB e da coordenação da ocupação reiteram a necessidade de fortalecer o apoio à luta pelo direito à moradia das centenas de famílias da Ocupação Paulo Freire. Somente com a luta e a organização da população pobre da periferia é que essa mobilização poderá se tornar vitoriosa. Apesar do recuo da PM a situação é de ameaça para os sem teto. Como não há nada resolvido até o momento, a palavra de ordem é resistir.
Redação Minas Gerais