No dia 29 de Maio, dia de paralização nacional contra a PL 4330, os trabalhadores do telemarketing não podiam ficar em casa e não protestar contra tamanha brutalidade que os capitalistas estão impondo contra a classe trabalhadora.
Várias categorias foram as ruas para mostrarem sua indignação contra a lei que faz retroceder anos de luta, onde companheiros ate mesmo perderam suas vidas para que tivêssemos os direitos conquistados.
Infelizmente, nós trabalhadores do telemarketing já sofremos há muito tempo com a terceirização, e não poderíamos nos calar nesse grande dia.
Embora nossa categoria tenha crescido muito, existindo praticamente em todos os estados, crescendo e gerando lucro para as empresas, mesmo com crise que vive a economia.
Porém, nossas condições de trabalho estão cada dia mais precárias, e direitos vem sendo tomados constantemente. É o caso da multinacional que hoje lidera o mercado do telemarketing no Brasil, a ATENTO.
Ao comprar a CBCC Casas Bahia Contact Center mostrou que nada é tão ruim que não possa piorar. Trabalhar na Atento é uma luta diária, em um local precário, hostil e intimidador.
Logo na chegada, a dificuldade de encontrar uma PA (estação de trabalho) é imensa, e quando encontramos ou ela está em péssimas condições, ou seus sistemas não funcionam. Os fones de ouvido são tão antigos que mal se consegue ouvir os clientes. O ar condicionado ou está muito frio, dando sensação de estarmos dentro de um frigorifico, ou é desligado, provocando grande calor.
Como se não bastasse, a pressão psicológica é constante. Somos oprimidos até mesmo nos nossos momentos de pausa. Muitas vezes acumulamos tempo nos bancos de horas e nunca conseguimos receber.
Acontece assédio moral e sexual a todo instante, tirando nossa vontade de trabalhar. Sem falar dos nossos salários que vêm sofrendo descontos cada vez mais maiores. No vale transporte temos o desconto de 6%, e ainda inventaram um sistema de roteirização que nos rouba o dinheiro da passagem e nos força a andar quilômetros para tomar apenas uma condução. Essa situação coloc nossa vida em perigo constante, em especial as mulheres que são forçadas a caminhar em ruas próximas a terrenos baldios ou desertas. O desconto do VA/VR aumentou de R$3,50 para R$17,50 e o Auxílio creche, que antes era de R$ 180,00 diminuiu para 170,00.
Não admitindo mais tamanha injustiça o Sintratele (Sindicato dos Trabalhores do Telemarketing), o Movimento Luta de Classes, junto com os teleoperadores, fomos às ruas denunciar imensa exploração.
Nosso ato percorreu as ruas de São Caetano do Sul em São Paulo, seguindo em direção à Justiça do trabalho, parando as mais importantes ruas da cidade.
Contamos com o apoio dos movimentos sociais: MLB ( Movimento de luta nos bairros, vilas e favelas), UJR ( União da Juventude Rebelião). Nosso trabalho de conscientização apenas começou e não vamos parar até que os teleoperadores sejam tratados com dignidade e respeito.
Jaqueline Andrade, SINTRATELE e Movimento Luta de Classes