Os cidadãos ucranianos, sobretudo no leste do país, clamam por uma ajuda internacional a toda classe trabalhadora. Desde o começo das manifestações conhecidas como Euromaidan, nas quais grupos neonazistas e de extrema-direita foram às ruas de Kiev, capital da Ucrânia, pedir pela renúncia e queda do ex-presidente Viktor Yanukovich, russos naturalizados ucranianos ou apenas ucranianos descendentes de russos vêm sofrendo com uma enorme onda de xenofobia, racismo e outras formas de ódio de classe. A guerra civil que assola o país está próxima de completar três anos.
Os ultranacionalistas de extrema direita, junto com o exército ucraniano a mando do atual presidente Petro Poroshenko, vêm devastando cidades e vilas próximas às fronteiras com a Rússia. Com o advento desses conflitos, surgiu a necessidade de muitas dessas localidades formarem milícias populares antifascistas.
Conjuntura atual
Após a queda de Yanukovich, que contou com o apoio do imperialismo americano, da OTAN e da União Europeia, sedentas em obter zonas de livre mercado e desestabilizar a Rússia economicamente e politicamente, a Ucrânia vem se tornado um verdadeiro palco de guerra. Esta se agrava com o passar do tempo, ampliando as contradições de classe e deixando ainda mais claro o caráter fascista do sistema capitalista.
Com a economia mundial em crise, as potências imperialistas ocidentais patrocinaram golpes e organizações mercenárias para desestabilizar países que ameaçam a hegemonia econômica internacional (como a China e a Rússia) dos blocos ocidentais e ampliar suas zonas de influência.
Assim como Líbia e Síria, a Ucrânia também se encontra numa área estratégica para o imperialismo por causa de sua localização geográfica, suas reservas de riquezas naturais (como o gás natural e o petróleo da Crimeia) e do caráter nacional de sua economia existente antes do golpe e que apontava para a criação de relações exteriores ainda mais amplas com a Rússia.
Assim é capitalismo: quando está em crise tenta ampliar a todo custo suas fronteiras e buscar novas fontes de riquezas para favorecer os monopólios econômicos.
Ajuda imperialista
O principal beneficiado com a crise ucraniana é o capital financeiro internacional. A OTAN e a União Europeia são os principais responsáveis pelo golpe fascista do Maidan. Como disse o presidente dos EUA, Barack Obama, em entrevista à rádio CNN, “Putin (presidente da Rússia) tomou essa decisão em torno da Crimeia e da Ucrânia (a anexação), não por causa de alguma grande estratégia, mas, essencialmente, porque foi pego de surpresa pelos protestos do Maidan. Yanukovich fugiu em seguida, depois que nós intermediamos um acordo para a transição de poder na Ucrânia”.
Está clara, portanto, a intenção dos imperialistas ao apoiar assassinos e grupos nazifascistas. Em abril desse ano, os Estados Unidos enviaram à cidade de Yavoriv, na Ucrânia, um comboio de 50 paraquedistas e 25 veículos da 173º brigada área norte-americana. Ao todo, os ianques já enviaram mais de 120 milhões de dólares em ajuda militar não letal, incluindo 230 veículos do tipo Humvee e drones não armados.
Crimes de guerra
O alto comissariado de direitos humanos da ONU estima que, de fevereiro a maio deste ano, 6.362 civis morreram em consequência dos ataques do exército ucraniano na região de Donbass. Em abril, o ministro da defesa de Donetsk, Eduardo Basurin, já havia informado que um ataque das tropas da Ucrânia deixou 86 pessoas feridas e 14 mortas na cidade.
Vale lembrar também o episódio conhecido como o Massacre de Odessa, em maio do ano passado, quando 46 ativistas antifascistas e trabalhadores locais foram mortos, queimados ou asfixiados, dentro de um sindicato incendiado por membros do Pravy Sektor (grupo de extrema-direita) e do Azov (organização paramilitar), poucos dias após o 1º de Maio.
As forças revolucionárias
Para se defender dos ataques fascistas, a população de descendência russa fundou a Novorossiya (Novorrússia, em português), uma confederação que reúne duas repúblicas populares autoproclamadas Donetsk e Luhansk.
Essa luta vem ganhando apoio e solidariedade em todo o mundo. Centenas de pessoas de outros países já se juntaram às milícias do exército popular da Novorrússia. Entre eles há franceses, italianos, espanhóis, afegãos, russos e até brasileiros. “Desde que cheguei aqui, tenho visto muita coisa feia, principalmente nos ataques da artilharia ucraniana que matam milhares de civis, crianças e mulheres. Mas isso não me assusta. Vou seguir no meu objetivo firmemente nessa causa e ajudar o pessoal da Nova Rússia”, disse o paulista Rodolfo “Macgyver”, miliciano na região de Donetsk.
Outro brasileiro, o carioca Rafael Santos, também é voluntário nessa batalha, que segundo ele é “contra o imperialismo americano, que criou grandes guerras nos últimos anos para dar lucro aos banqueiros. Aqui na Nova Rússia, essa guerra não é só dos russos que moram na Ucrânia: essa guerra é do mundo todo”.
A presença de mulheres nos combates também é significativa. A miliciana russa Svletana, natural da Sibéria, é uma das centenas de mulheres que se juntaram à luta contra o Donbass. Em entrevista ao blog brasileiro A Página Vermelha, ela falou do papel feminino no conflito: “Muitos dizem que ‘a guerra não é para mulheres’, mas quando surge a necessidade de defender um povo do genocídio, a questão do sexo não tem nenhuma importância”.
No Brasil está sendo realizada uma campanha para juntar fundos em auxílio aos novorussos através do tradutor e pesquisador independente Cristiano Alves, que administra o canal do Youtube A Voz do Comunismo e o blog A Página Vermelha.
“Nós do site A Página Vermelha, temos o nosso fundo de ajuda à Novorrússia, que está recolhendo contribuições que serão levadas ao exército popular, pessoalmente por mim. (…) Nós somos brasileiros e podemos demonstrar a nossa solidariedade”, disse Alves. Os interessados em contribuir com as milícias populares devem utilizar o sistema de pagamentos eletrônicos Paypal, e enviar uma quantia mínima de dez reais. “Dez reais é muito pouco, mas não quando cem ou duzentas pessoas enviam”, concluiu Cristiano.
O dinheiro será utilizado na compra de remédios e equipamentos para combatentes e refugiados. Os interessados em saber mais detalhes devem enviar um e-mail para [email protected].
Ajudar nessa causa é mais que demonstrar um espírito internacionalista operário; é contribuir para um processo avançado de luta, contribuir para o crescimento do poder popular ao redor do mundo. Isso é estar ao lado da classe trabalhadora na luta contra o imperialismo e as forças do capital financeiro que devastam o planeta em busca de sua manutenção.
Bruno Melo, militante da UJR
Pessoal, A Página Vermelha é uma página homofóbica? A denúncia está aqui http://blogdoitarcio.blogspot.com.br/2015/07/apoie-luta-do-povo-ucraniano-contra-o.html
Olá Charles!! não eles não, eles apenas tecem críticas ao movimento LGBT, mas, nunca pregaram ódio ou ofensa a qualquer pessoa que se diga homossexual