Estado mexicano protege narcotráfico e prende revolucionários

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MÉxicoNa tarde de 7 de junho, depois de participar na marcha de pés cansados, convocada na região dos Vales Centrais, em Oaxaca, pela Seção 22 do Sindicato Nacional de Trabalhadores da Educação (SNTE), 71 companheiros foram presos nas imediações da ponte que leva a San Jacinto Amilpas enquanto estavam indo para suas casas. A operação foi executada pela Polícia Estadual de Estradas e a Agência de Investigação de Estado, que, em seguida, os transferiu para a Procuradoria Geral da República, em San Bartolo Coyotepec. Foram liberados 49 companheiros, entre crianças, mulheres e idosos. No entanto, por ordem do procurador-geral do Estado, Joaquín Carrillo Hector Ruiz, 22 pessoas continuaram detidas.

Os companheiros são acusados de tomar os veículos de serviços judiciais, agressão a particulares e todo tipo de mentiras. Toda essa farsa está sendo operada pelo Ministério Público do Fórum Comum, Fredy Martinez e sua assistente Claudia Romo.

A denúncia ilegal feita pelo Estado para manter os manifestantes presos é produto de uma série de agressões contra a Frente Popular Revolucionária (FPR) – organização que congrega diversos segmentos populares que lutam pelos direitos dos trabalhadores, por uma nova Constituinte, pela revolução e pelo socialismo – precedidas por dois artigos de jornal, acusando-os de todos os tipos de crimes e ligações com grupos armados, o que é totalmente falso.

A situação de fundo é a atitude da FPR e o total apoio à luta dos professores em Oaxaca, em que procuram quebrar sua unidade com o movimento social, o que não será permitido, afirmam os integrantes da frente e do sindicato.

O governo federal e Gabino Cué e seu governo serão responsabilizados de qualquer agressão que possam sofrer os camaradas nas masmorras onde são mantidos prisioneiros, declarou a FPR. Ao mesmo tempo, é exigida a libertação imediata dos presos, caso contrário, os integrantes da FPR se reservam o direito de agir para assegurar sua libertação.

Boicote às eleições

Estas prisões ocorrem porque a FPR e diversas forças democráticas e revolucionárias do país decidiram boicotar as eleições de 7 de junho, impedindo a instalação de urnas, mediante o bloqueio de rodovias e a vigília permanente da população. Além disso, promoveram ações de incineração de material eleitoral e, onde não foi possível, chamaram a população a anular o voto no México. De acordo com Florentino López, presidente da FPR, em entrevista a A Verdade, “temos um sistema eleitoral totalmente antidemocrático e corrupto. Essa é a razão principal do boicote”.

Florentino também denuncia que “o narcotráfico, como fruto do processo de decomposição da sociedade capitalista, como um novo e poderoso ramo da economia nacional, intervém como qualquer outra forma de capital. Os traficantes buscam a continuidade de seus negócios, o lucro máximo e o controle político, econômico e social do povo explorado e oprimido. Em várias regiões do país, o narcotráfico controla todos os partidos políticos, que, por sua vez, buscam o financiamento do narcotráfico para garantir suas campanhas eleitorais e a compra de funcionários e consciências. Ambos mantêm uma relação de negócios e proteção mútuos. Os traficantes não controlam apenas os partidos, controlam áreas estratégicas do governo federal e dos governos locais, especialmente os altos funcionários encarregados do exército e das forças policiais”.

A verdade é que o governo mexicano está cada dia mais enlameado com o crescente nível de denúncias de corrupção, de associação ao tráfico vinculada à chacina de 43 estudantes da Escola Normal Rural de Ayotzinapa, além de pretender privatizar a água e todo o sistema petrolífero, entre outras medidas neoliberais. Quanto mais a repressão e as medidas políticas e econômicas antipopulares aumentam, mais setores aderem à luta e isolam o governo, promovendo enfrentamentos diretos com o Estado em importantes ramos da indústria e do comércio.

A tensão aumentou muito nos últimos meses, e os revolucionários da FPR e do Partido Comunista do México (marxista-leninista) seguem lutando juntos e organizando o povo para derrubar o governo de Peña Nieto, instalar um governo popular e revolucionário e convocar uma Constituinte Livre e Soberana para garantir uma vida digna aos trabalhadores e ao povo e o socialismo como sistema de organização da nova sociedade.

Marcos Villela, Rio de Janeiro