Diante do caos por que passa a universidade pública, o dia 11 de Agosto em Goiânia, ficou marcado pela firme decisão de centenas de estudantes da Universidade Federal de Goiás, que reunidos em Assembleia Geral sob comando do DCE – Gestão “Outras Frequências”, após intenso debate sobre a crise que vive o País e a universidade, aprovaram por unanimidade a deflagração da greve estudantil contra o corte de verbas na educação, em defesa de um ensino público de qualidade e em apoio a luta dos professores e servidores que já se encontram em greve.
Após deliberação da greve, os estudantes uniram-se aos professores e servidores que sob o comando do DCE-UFG, da ADUFG e do SINT-IFES/Go saíram numa grande passeata, da praça universitária até o Centro de Goiânia, em resposta ao corte de cerca de R$ 10 bilhões nos recursos na educação pública brasileira, realizado pela presidenta Dilma e seu ministro Joaquim Levy, por mais investimentos na universidade pública e por melhores salários e condições de trabalho para os professores UFG e servidores federais.
Durante a passeata diversas lideranças estudantis-sindicais-populares denunciaram a política econômica do governo federal que, por um lado, joga nas costas dos trabalhadores o peso da crise, retirando direitos trabalhistas, reduzindo os investimentos sociais e aplicando a politica de arrocho salarial e por outro protege os interesses dos banqueiros, dos empresários e dos latinfundiários que continuam obtendo enormes lucros.
Conforme informações da reitoria, o corte significou uma redução de 10% no custeio e 47% no capital para investimentos o que levou a UFG a demitir terceirizados, reduzir a prestação de serviços à universidade, cortar gastos com passagens aéreas e cancelar o Espaço das Profissões, além do fato de que em 2014 não foi liberado todo orçamento da UFG que teve de pagar em 2015 contas do ano passado. Para Orlando Afonso Valle do Amaral, reitor da UFG: “Em setembro, os pagamentos previstos podem não ser feitos. A UFG não terá de onde tirar R$ 20 milhões para bancar custos administrativos, contas de energia elétrica, telefonia, material de trabalho, reagentes de laboratórios.”
De acordo com o Sindicato dos professores da UFG, a greve deflagrada em julho e reafirmada em assembleia no dia 05/08/2015, é a melhor resposta a esse corte de verbas que trouxe de volta o fantasma do sucateamento e o arrocho salarial, embutido na proposta do governo para o conjunto dos funcionários públicos federais, ao mesmo tempo, que anuncia uma acentuada precarização das relações de trabalho para os próximos anos.
Segundo o SINT-IFES/Go, a categoria dos trabalhadores técnico-administrativos recebe o pior salário do serviço público federal, o que levou a deflagar a greve nacional desde o dia 28 de maio e vem pressionando o governo federal a apresentar uma proposta de reajuste salarial de 27,3%, referente às perdas inflacionárias desde 2010. Mas até agora, o governo só apresentou uma proposta de 21,3%, parcelado em quatro anos que não foi aceita pela a categoria. Além da reposição salarial, os técnico-administrativos reivindicam melhorias e aprimoramentos na carreira, como aumento do piso e step, reajuste dos benefícios, negociação coletiva e data-base em 1º de maio.
André Luís, diretor do DCE-UFG e militante da UJR afirmou que somente com luta e unidade do conjunto dos estudantes, professores e servidores derrotaremos essa politica de sucateamento da universidade.
Altenir Santos, Goiás