Depois de fechar mais de 3000 salas de aula no começo do ano e da greve mais longa da história da categoria dos professores de São Paulo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) intensificou o projeto seu e do seu partido de acabar com a educação pública do estado de São Paulo.
As recentes vitórias da categoria que conseguiu na justiça, por decisão do Superior Tribunal Federal e do Tribunal de Justiça de São Paulo, a obrigação do pagamento imediato dos dias parados para todos os grevistas parecem não intimidar o governo de São Paulo. Faltando apenas uma semana para o retorno dos estudantes para as escolas, a ordem foi fechar todas as salas que não tivessem o mínimo de 36 estudantes.
A concepção de educação do governo do PSDB é de que a escola é um gasto e o salário dos(as) professores(as) um prejuízo a serem eliminados. No início do ano mais de 20 mil professores temporários foram demitidos e das 59 mil vagas anunciadas no “maior concurso para professores da história”, nem mesmo 40% foram preenchidas. Enquanto isso, milhares de professores(as) são impedidos de trabalhar por causa da duzentena e outros vivem em situação precária trabalhando como eventuais ou temporários, esperando a convocação dos aprovados no concurso.
O fechamento das salas precariza ainda mais o ensino. De um lado as salas com menos alunos voltam a ficar superlotadas, ensinar e aprender se torna quase impossível e os(as) alunos(as) que já estavam adaptados(as) aos seus colegas de sala e aos professores das matérias, terão que passar por um processo atropelado de mudança, já que nenhuma discussão foi feita com estudantes, professores ou a comunidade escolar.
O sistema de organização da educação em São Paulo, fruto dos vinte anos de governo do PSDB no estado, é tão confuso que nem mesmo os(as) professores(as), a direção da escola ou a diretoria de ensino sabem dizer qual o futuro do professor que perde as aulas quando uma sala é fechada.
Para se ter idéia, uma professora de uma escola na Zona Norte de São Paulo (mas que fica sob jurisdição da diretoria de ensino da região central da cidade) perdeu duas aulas de física com o fechamento de uma sala. Ela deveria então tomar duas aulas de outro professor não efetivo, mas esse professor que ela deve tomar as aulas é ela mesma, que atua como professora suplementar na mesma escola na disciplina de matemática. Ou seja, ela perde as aulas como professora efetiva, depois toma as aulas dela mesma, que perde as aulas para ela mesma. E essa confusão vai se estendendo infinitamente em diversas escolas como a Teoria do Caos ou o “efeito borboleta”, que se é apenas uma teoria na física, é um fato comprovado na educação estadual paulista.
Fica claro que essa é uma medida para prejudicar e dividir ainda mais a categoria depois que ela “se atreveu” a mostrar sua força e combatividade em mais de 90 dias de greve. Por isso, é de grande importância a unidade entre professores(as) dentro da sala dos professores e em torno do sindicato, com medidas judiciais contra o fechamento das salas para vencermos coletivamente o (des)governador Alckmin.
Lucas Marcelino, São Paulo