Durante o último informe apresentado por Rafael Correa na Assembleia Nacional, em várias ocasiões se afirmou que nosso país havia mudado. Efetivamente, o Equador de hoje não é o mesmo de há pouco tempo, mudou, mas não nos termos assinalados pelo governo, pois não deixou de ser um país desigual, no qual um punhado de burgueses concentram uma enorme riqueza acumulada a custa da exploração e da opressão dos trabalhadores e dos povos.
A mudança a qual nos referimos tem a ver com o cenário político. Para ser mais claro, com a correlação de forças políticas que caracterizam este cenário. As manifestações principais dessa transformação são: o desgaste e a perda de hegemonia política por parte do governo e do correismo sobre o movimento social; o ressurgimento das massas como ator político na vida do país, exigindo demandas materiais e políticas; o posicionamento do movimento sindical como coluna vertebral da luta dos setores populares organizados e não-organizados; a recuperação da imagem das forças políticas de esquerda no interior da faixa dos descontentes com o governo; a recuperação e o posicionamento, em melhores condições, de algumas figuras políticas da oposição burguesa.
Esta nova situação é o resultado de um processo de confrontação de classes, em alguns momentos aguda – com o ficou demonstrado nas últimas semanas – e em outros de maneira quase impercepitível mas, em todo caso, sempre presente. O desgaste do Governo é inegável e as distintas medidas que adotou nestes dias para recuperar sua imagem e iniciativa não fazem mais que confirmar esta situação e evidenciar que atua a partir de uma posição defensiva.
A convoncatória de uma greve geral popular para o próximo dia 13 de agosto, impulsinada pelo apoio de numerosos setores e organizações, contribuirá para a afirmação das principais manifestações dessa mudança de correlação de forças sociais e políticas: o desgaste do regime e o protagonismo político das massas.
Jornal En Marcha