O esquartejamento da Petrobras continua. No último dia 18 de agosto, o Conselho de Administração da companhia autorizou a venda de, pelo menos, 25% do capital da BR Distribuidora, maior rede de postos de combustível do País, avaliada em US$ 10 bilhões.
Além disso, a Transportadora Associada de Gás (TAG), empresa que opera os gasodutos da estatal, também está na fila da privatização. A proposta é dividir a malha de dutos por região (Norte/Nordeste e Sul/Sudeste), o que possibilitará a venda de até 80% dos ativos. Dessa forma, a rede de gasodutos, que hoje é 100% estatal, passará para as mãos do setor privado.
Ao todo, está prevista a venda de US$ 15,7 bilhões em ativos da Petrobras até o ano que vem, e outros US$ 42 bilhões, entre 2017 e 2018, além de cortes de US$ 76 bilhões em investimentos e despesas.
“É apenas o começo do desmonte do Sistema Petrobras”, denuncia José Maria Rangel, coordenador nacional da Federação Única dos Petroleiros (FUP). “Se levadas adiante, essas medidas significarão imensos prejuízos para a nação brasileira, com perda de soberania e impactos diretos na economia nacional”, afirma.
De fato, com a venda da TAG, o País perderá completamente o controle estratégico da distribuição do gás natural, o que levará à perda da soberania energética e ao aumento nos preços do produto.
Os trabalhadores da Transpetro, responsáveis por toda a logística de produção da Petrobras, também serão prejudicados, uma vez que o novo proprietário da TAG poderá não contratar a Transpetro para fazer a manutenção e operação dos dutos e faixas. Assim, mais de três mil empregos diretos e cinco mil indiretos serão cortados.
Diante dessa ameaça, a FUP e seus sindicatos filiados convocaram uma greve de 48 horas dos trabalhadores da Transpetro a partir do dia 4 de setembro. A greve será nacional e envolverá todas as instalações terrestres e aquáticas da Transpetro no País.
“A categoria não permitirá que a Petrobras seja gerida pelo mercado, como querem os banqueiros e o setor financeiro”, defende Simão Zanardi, presidente do Sindipetro Caxias (RJ).
A cada nova medida visando à privatização da Petrobras, cresce na categoria o sentimento de que é preciso defender a empresa contra o desmantelamento imposto pelos setores entreguistas que sonham em ver terminada a obra iniciada no governo FHC (1995-2002).
Defender a Petrobras contra a privatização é defender a soberania nacional e que as riquezas do País sejam utilizadas para melhorar a vida do povo brasileiro.
Heron Barroso, Rio de Janeiro