Numa demonstração de arrogância e desrespeito com a categoria bancaria brasileira, a Federação Nacional dos Bancos apresentou uma proposta absurda de reajuste salarial: 5,5%, quase metade da inflação do período. Lembrando que o setor financeiro tem todas as condições de contemplar seus trabalhadores com um reajuste digno, visto que lucrou R$ 36,3 bilhões somente no primeiro semestre deste ano. Nos últimos dez anos foram 850% de aumento nos lucros.
Por outro lado, Segundo a pesquisa feita pela Fundação Procon, os juros do cheque especial atingiram em outubro média de 12,28% ao mês, a maior desde setembro de 1995. No mês anterior, a média estava em 11,9% a.m.
A greve nacional dos bancários chegou a números importantes: no total 10.818 locais de trabalho paralisaram suas atividades. Para se ter uma ideia, apenas na capital paulista, mais de 52 mil trabalhadores de 700 locais de trabalho, sendo 23 centros administrativos e 677 agências, cruzaram os braços a fim de pressionar por uma proposta digna dos bancos.
Segundo o presidente da Contraf – CUT, Roberto Von der Osten, é notório o grau de insatisfação dos bancários em greve. “Estamos percorrendo os locais paralisados, que cresceram mais uma vez e ouvindo a indignação dos bancários. Afirmam, entre outras coisas, que foi uma proposta desleal e desmotivadora e criticam os bancos com frases como ‘depois eles vêm fazer campanhas internas de motivação e mandar cartinhas dizendo que nos valorizam. Só que não! Sem a inflação e sem ganho real não dá. Isto é exploração. Exploração não tem perdão’. Esperamos que os banqueiros ouçam estes protestos e mudem a sua posição”.
Sem uma proposta decente, que contemple reposição da inflação e aumento real, a greve segue forte nos 26 Estados da Federação e no Distrito Federal, com adesões das agências e centros administrativos de todo o País.
As reivindicações dos bancários:
Reajuste salarial de 16%. (incluindo reposição da inflação mais 5,7% de aumento real)
PLR: 3 salários mais R$7.246,82
Piso: R$3.299,66 (equivalente ao salário mínimo do Dieese em valores de junho último). Vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$788,00 ao mês para cada (salário mínimo nacional).
Melhores condições de trabalho com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoecem os bancários.
Emprego: fim das demissões, mais contratações, fim da rotatividade e combate às terceirizações diante dos riscos de aprovação do PLC 30/15 no Senado Federal, além da ratificação da Convenção 158 da OIT, que coíbe dispensas imotivadas.
Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários.
Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós.
Prevenção contra assaltos e sequestros: permanência de dois vigilantes por andar nas agências e pontos de serviços bancários, conforme legislação. Instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento e biombos nos caixas. Abertura e fechamento remoto das agências, fim da guarda das chaves por funcionários.
Igualdade de oportunidades: fim às discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transexuais e pessoas com deficiência (PCDs).
Serley Leal, Ceará
Uma vez eu estava em um emprego onde achava que não ganhava o que merecia. Eu pedi demissão.