Duas eleições legislativas devem ser acompanhadas com atenção nestes últimos meses do ano pelo potêncial que têm de afetar a situação política no Oriente Médio e na América Latina. São elas as eleições turcas que acontecem amanhã (01) e as eleições legislativas venezuelanas que estão marcadas para o dia 6 de dezembro.
Na Turquia, as eleições foram antecipadas por iniciativa do atual presidente, Recep Tayyip Erdogan, líder do partido governista AKP (Partido da Justiça e Desenvolvimento). Após fracassar na formação de um novo governo e ver o país imerso em um clima de tensão, e logo após o maior atentado terrorista de história turca que matou mais de 120 pessoas na capital, Ankara, o AKP procura conquistar a maioria absoluta para mudar a constituição e instituir o presidencialismo.
Neste período, a alternativa popular HDP (Partido Democrático dos Povos), agremiação que reúne uma série de partidos de esquerda, entre eles o Partido do Trabalho (EMEP), se fortaleceu. Liderado pelo advogado de origem curda Selahattin Demirtaş, o HDP conta hoje com mais de 80 deputados no parlamento.
O HDP se tornou o principal partido a confrontar Edorgan, defendendo os direitos dos trabalhadores, das mulheres e das nacionalidades minoritárias dentro do Estado turco (Curdos, Armênios, Lars, Circassianos, Yazedis, Ciganos, Sírios e Alauitas)
As mais contundentes denúncias do apoio dado pelo governo de Edorgan aos terrorista do Estado Islâmico (ISIS) e da Frente Al-Nusra na Síria vieram de vozes do HDP. Por pressão dos parlamentares e militantes do HDP, Edorgan foi obrigado a abrir por algum tempo as fronteiras com a região de Rojava, para que pudessem chegar apoios e suprimentos para o exército curdo que resistiu até a vitória contra o Estado Islâmico.
Para entrar no Parlamento, o HDP precisa vencer a cláusula de Barreira que é de 10%, em uma campanha contra toda a repressão militar que é realizada nas regiões de maioria curda. A cidade de Diyarbakir, conhecida como a “capital do Curdistão do Norte”, esteve sob estado de sítio e com um toque de recolher imposto pelo governo durante boa parte deste ano.
Sandino Patriota, São Paulo