Os estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), cansados do descaso com a falta de condições dignas de permanência, e após inúmeros diálogos frustrados, nos quais a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) não apresentou respostas concretas às demandas dos estudantes, decidiram ocupar a Reitoria. Não é de hoje que a permanência e a assistência estudantil não são priorizadas na universidade. A precarização das moradias estudantis é realidade diária: alagamentos em dias de chuva, infestação de ratos e baratas, ausência de Plano de Prevenção contra Incêndio (PPCI), fiação elétrica exposta, infiltração nas paredes e falta de segurança dentro das casas.
A indignação com a falta de condições dignas de moradia fornecida pela universidade levou à criação do Movimento de Casas dos Estudantes, para reivindicar resposta da administração da UFRGS diante de todos esses absurdos. O Movimento de Casas, junto com o Coletivo Voz Ativa e outros coletivos, ocupou a Prae por um dia, com a proposta de “Um dia sem ratos, baratas e risco de incêndio”. E, após mais um acordo descumprido, ocupou a Reitoria, exigindo infraestrutura das casas, bolsa permanência sem a contrapartida de trabalho, democracia na universidade, fim da Resolução 19 (que desliga o estudante de baixo desempenho), transparência nas contas da instituição, auxílio financeiro para os estudantes ingressados no último semestre (2015.2), e que não tiveram acesso ao edital.
No dia 19 de setembro, o movimento recebeu, após oito dias de ocupação, o mandado de reintegração de posse, sem nenhuma tentativa de negociação prévia, demonstrando, assim, a falta de disposição da Reitoria em relação ao diálogo, ameaçando os estudantes com remoção truculenta da força policial em pleno final de semana e multa de R$ 50.000 por hora, se o movimento não desocupasse em 24h. Para tanto, indiciaram na Justiça 14 réus, sendo sete do Coletivo Voz Ativa e vários outros moradores de casas que se destacaram durante esse processo de luta.
Mesmo com toda essa pressão e desrespeito, decidimos resistir e levar nossa luta até o fim. Ainda no domingo conseguimos a suspensão da reintegração de posse e a obrigação do comparecimento da Reitoria a uma audiência de conciliação. Nessa audiência, conquistamos várias reivindicações, como manutenções urgentes na Casa de Estudante, prestação de contas semestral da Prae e compromissos importantes, principalmente com relação a prazos que devem ser cumpridos por parte do reitor perante a Justiça. Assim, após 15 dias de luta pelos quais decidimos desocupar a Reitoria, no dia 25 de setembro.
Géssica Sá e Érick Pimentel, estudantes da UFRGS e militantes da UJR